Instituições valorizam património de jornais centenários, como o "Jornal de Notícias" e o "Diário de Notícias", classificando e conservando as coleções.
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O mês de julho trouxe novidades na preservação dos arquivos do Global Media Group (GMG), que detém, entre outros títulos, o "Jornal de Notícias" e o "Diário de Notícias". No dia 8, as coleções de Imprensa do grupo foram transferidas para o Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, em Vila Nova de Gaia, onde podem ser consultadas. Anteontem, o arquivo do DN foi classificado como Tesouro Nacional.
As duas realidades trazem inevitáveis mudanças à forma como as duas publicações centenárias são percecionadas. Por um lado, a receção das publicações do GMG no arquivo municipal de Gaia abre as páginas do passado a leitores, investigadores e historiadores. Já a classificação de parte do arquivo do DN, desde a sua fundação, a 29 de dezembro de 1864, até 2003, garante a salvaguarda do património do jornal.
Numa nota na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou ontem o seu apoio à classificação do DN e destacou o "património histórico valioso e único no país", lê-se. Em decreto, aprovado em reunião do Conselho de Ministros, o Governo apontou que o jornal atravessou "três séculos de História", período em que "noticiou todos os grandes acontecimentos".
Processo iniciou em 2020
A decisão teve um parecer favorável da Secção de Arquivos do Conselho Nacional de Cultura, após o processo ter sido iniciado em 2020 com base num requerimento feito por nomes como os ex-presidentes da República Jorge Sampaio e Ramalho Eanes e os historiadores Fernando Rosas e Irene Pimentel.
Marco Galinha, CEO do GMG, garantiu tratar-se de um "justo reconhecimento de uma marca de grande valor", sublinhando que contribui para "dignificar os jornalistas que passaram por esta casa".
8500 volumes
Aquando da transferência das publicações para o Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, Domingos de Andrade, administrador e diretor-geral editorial do GMG, sublinhou a disponibilização ao público da "maior hemeroteca do país fora de Lisboa", num total de 8500 volumes documentais de 120 títulos.
No caso específico do DN, a classificação é um dos mais importantes níveis de proteção de bens móveis, que está sujeita a regras especiais, como a proibição de saída do arquivo do território nacional, salvo raras exceções, a interdição ao desmembramento e à dispersão do arquivo e o dever geral de assegurar a conservação das publicações do jornal.