A morte do pintor Júlio Resende, aos 93 anos, esta quarta-feira, marcou a actualidade do meio artístico. Licenciado em Pintura pela Escola Superior de belas-Artes do Porto, o pintor estreou-se como ilustrador no Jornal de Notícias, num suplemento infantil.
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O jornalista e historiador Germano Silva fala do "grande amigo" como um homem com "uma obsessão pela arte e pela perfeição". Lembra-se que conheceu Júlio Resende "da montra do Primeiro de Janeiro, que era ele que decorava a pedido do Manuel Pinto de Azevedo, pois tinha criado para o jornal as figuras de banda desenhada do "Matulinho" e do "Matulão" que transformavam aquelas montras numa atracção".
Segundo Germano Silva, o pintor era um homem que "vivia profundamente o Porto" e conclui: "Perdi um grande amigo e o país perdeu um artista de grande valor".
"Um grande mestre e artista", Graça Morais
A pintora Graça Morais recorda Júlio Resende como "um grande mestre e artista" e fala da morte do artista como um acontecimento que "deixa o país mais pobre porque não teremos novas obras".
À agência Lusa, Graça Morais, antiga aluna de Júlio Resende, fala com "muita mágoa" sobre a morte do artista e sublinha a "grande admiração e carinho" que nutria por. "A melhor maneira de homenagear" o trabalho do pintor é "vendo e mostrando os seus quadros", acrescenta.
"Um artista completo", Rui Mário Gonçalves
O crítico Rui Mário Gonçalves homenageia Júlio Resende e a "vontade de ser um artista o mais completo possível". "Ele tinha um gosto especial em levar os alunos para o exterior e colocá-los em contacto directo com as populações rurais", relembra o crítico em declarações à Lusa.
Rui Mário Gonçalves observou, ainda, que "a segunda fase terá sido o resultado de uma viagem que fez ao Brasil, há cerca de 25 anos, e que o inspirou a usar mais a cor e a luz" e destaca que Júlio Resende "foi pintor da sua geração que conjugou os neo-realistas e os abstractos".
"É como se fosse um irmão", José Rodrigues
O escultor José Rodrigues lamentou a morte do artista que considerava como "um irmão". À agência Lusa afirma estar "muito comovido", e acrescenta que se "perdeu um grande homem, um grande artista".
"Um dos capítulos mais importantes da arte portuguesa do século XX", João Fernandes
João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, relembra Júlio Resende como "um artista que soube partir das linguagens artísticas da sua época, para depois encontrar um modo muito singular, como compete a qualquer artista, de desenvolver o seu caminho".
O director de Serralves referiu que o pintor "liberta-se das próprias convenções da representação para assumir a liberdade do gesto e da cor num expressionismo singular, particularmente notável".
João Fernandes concluiu, sublinhando que Júlio Resende "é um dos capítulos mais importantes da história da arte portuguesa do século XX".