A cooperativa Árvore, do Porto, interpôs ação contra a Capital Europeia da Cultura por corte de relações e diferendo na organização de duas mostras. A Fundação Cidade de Guimarães arrisca pagar 100 mil euros.
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Desentendimentos na organização das exposições sobre Fernando Távora e Abel Salazar motivaram um processo judicial que começou a decorrer recentemente no tribunal das varas com competência mista de Guimarães.
Apesar de estar na fase inicial, em que se desconhece se segue para julgamento, a cooperativa de artistas reclama o pagamento de 92.800 euros por parte da Fundação - responsável pela organização da Capital Europeia da Cultura - , depois de ter sido, alegadamente, excluída de um projeto que propôs e que, afinal, vai ser realizado por outra entidade.
Em causa, está a homenagem a Fernando Távora, marcada para 15 de novembro deste ano, cuja ideia é proveniente da Árvore. Foram os responsáveis desta cooperativa que encetaram conversas com a Guimarães 2012, em agosto de 2010.
Na altura, a Árvore "ia liderar a iniciativa, com colaboração da Casa de Arquitetura de Matosinhos e da família Távora e com coordenação do arquiteto Siza Vieira", afirma, ao "Jornal de Notícias", Amândio Secca, responsável pela cooperativa.
Inesperadamente, adianta o presidente da Árvore, a Casa de Arquitetura convidou-o para ajudar no projeto de Fernando Távora, que o próprio Amândio Secca tinha proposto: "Uma fase pré-contratual entre as partes impõe a estas uma relação de boa fé, foi uma surpresa para nós".
Versão diferente tem a Fundação Cidade de Guimarães, que, até ao fecho desta edição, não emitiu resposta às questões do "Jornal de Notícias", mas respondeu em sede de processo. Dizem os responsáveis que a proposta da Árvore para homenagear Fernando Távora "foi rejeitada". No entanto, depois de reformulações e de ter surgido a intenção de elaborar o projeto, o papel da Árvore era o de promotora.
Por não liderar a iniciativa, a Árvore rejeitou fazer parte do projeto e reagiu "de modo intempestivo, deselegante e ameaçador", refere a Fundação Cidade de Guimarães, "ameaçando por carta e na comunicação social com um processo por usurpação de direitos de autor". Tais afirmações tornaram "insustentável a manutenção de qualquer intenção de relacionamento institucional", acrescentam.
Por seu lado, o projeto de Abel Salazar, que decorria em bom termo, ficou cancelado devido ao corte de relações.
Caso o processo chegue a julgamento e não fique resolvido antes do fim da vigência da Fundação Cidade de Guimarães, a responsabilidade passa para a Câmara Municipal.