Artista plástica Cristina Massena expõe “Fundação – fuga” na Galeria Fernando Santos, no Porto, até ao dia 23 dedezembro.
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Paisagens interiores, casas inabitáveis e gaiolas disfarçadas: “Fundação - fuga” é uma exposição em vários capítulos de Cristina Massena, patente na portuense Galeria Fernando Santos até 23 de dezembro. Segundo a leitura do curador João Silvério, trata-se de “uma construção mediada por duas predisposições da artista: pensar sobre a memória de um lugar e sentir a pulsão do ato e do gesto”.
O título da mostra é um movimento reflexivo: radica na ideia de fuga pautada por vários significados e sentidos, mas todos são a essência conceptual e poética da criadora, formada em arquitetura.
“Massena propõe-nos uma simbiose poética e sensível que resgata uma aura emocional, mas mantendo o rigor austero da medida e da proporção presente nas diversas esculturas, com uma proximidade à escala humana”, aponta o curador.
As criações são como fragmentos de murais ou pinturas monocromáticas de grandes dimensões, marcadas por moldura e vidro que interpelam o espectador. Uma outra obra usa metal branco para erguer um esboço de uma casa que é também um poema.
Na parte expositiva dedicada à “Fuga”, um desenho entre colagem e assemblagem, agrega pautas e notas musicais e usa uma instalação com som que a artista, que tem instrução musical, realiza com o seu irmão Rui Massena, maestro e compositor.
Num texto sobre uma outra mostra de Cristina Massena, Nuno Grande coloca a relação entre as práticas e reflexões da arte, por vezes utópicas, que, pertencendo à arquitetura, se encontram na vida que ocorre no espaço e no tempo, situado na casa como arquétipo do lugar para a intimidade do corpo no anonimato do mapa de um outro espaço, mundano e complexo.
Diz Grande: “Muitas dessas utopias ou distopias urbanas do século XX perderam-se na história da arquitetura, mas sempre ressurgem, uma e outra vez, no imaginário da arte contemporânea, como gestos críticos ancoradores”.