A cerimónia dos Oscars, que há de ter batido novamente um recorde de baixa audiência (em 2020 teve 23,6 milhões de espectadores nos EUA, a menor de sempre), foi estranha e cheia de solidão.
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Sem fanfarras e sem público, devido às restrições da pandemia do coronavírus, só com alguns dos nomeados em mesas a dois, afastados e desolados no hall da estação de comboios de LA, com ligações a outros locais do Globo onde estavam mais pessoas sozinhas, parecia só vagamente uma festa, mas uma festa de que toda a gente desistira prematuramente - ou, rigorosamente, um fim de festa do princípio ao fim...
Tudo aquilo, desacoroçoadamente sem piada, sem humor, pareceu só um ensaio geral da cerimónia que há de vir, e um ensaio nem sequer particularmente esforçado. Pormenor de sublinhada estranheza: não havia orquestra (havia Questlove DJ) e, quando os vencedores acabam os discursos, na maioria longos, entrava logo música rompante de variedades. Foi uma estratégia musical particularmente arriscada: muitos discursos terminavam com mensagens sentidas sobre a violência armada ou rememorações lagrimosas de parentes falecidos...
A 93.ª edição dos Oscars ficará para a História como a cerimónia do asterisco pandémico, uma coisa bizarra e indefinida entre um passado (que não volta) de supremacia artística branca e um futuro de equilíbrio político pós-racial que ainda não chegou.
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