Cantora canadiana regressa a Portugal para apresentar o seu novo disco, o primeiro em seis anos. Data única na capital esta quinta-feira, 21.
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Sobre “Multitudes”, o sexto disco de Leslie Feist, e sobre tudo que o precedeu, resumiu a cantora: ‘o meu coração, sendo [agora] maior, é muito mais terno’. O álbum marca um ponto de viragem: escrito em parte durante a pandemia, é mais uma metamorfose da artista numa fase crucial da sua vida, em que quase simultaneamente se tornou mãe e perdeu o pai. Aos 47 anos, um dos maiores nomes artísticos do Canadá passa pelo Coliseu de Lisboa esta quinta-feira, num reencontro com um público que sempre a acarinhou.
Lançado na primavera deste ano, “Multitudes” é também o disco mais maduro, íntimo e honesto de Feist – e um dos seus melhores. O álbum, que conta com a participação de nomes como Robbie Lackritz, Blake Mills e Mocky, começou a ser desenhado há quatro anos, quando a cantora adotou uma menina e tudo mudou: novos sons, novas maneiras de cantar, novos sentimentos surgiram sob a experiência da maternidade, houve uma assumida “reinicialização”, um antes e um depois. Só que, neste depois, veio uma pandemia e a morte súbita do seu pai, o pintor Harold Feist, eventos que deixaram a cantora “sem mais nada performativo em mim”, viria a admitir.
Na dor e na cura a verdade foi saindo, tal como a perceção de que o “nascimento e morte são duas faces da mesma moeda”, afirmaria já este ano; e no fim de 2021, Feist encarava a vida e o regresso de frente, com um conjunto de residências experimentais e comunitárias, em locais improváveis, onde ganhariam nova forma algumas das canções do disco que tomou o nome dos espetáculos.
Esta é a nova fase de Feist e que aquela que apresenta em Lisboa, num concerto onde não deverão faltar temas dos seus importantes e premiados trabalhos precedentes, como o perfeito “The Reminder” ou o anterior “Pleasure”. A aclamada artista, que já trabalhou com nomes como Broken Social Scene, Gonzales, Kings of Convenience, esteve para vir a Portugal no ano passado na primeira parte dos concertos dos Arcade Fire, mas cancelou a tour após as acusações de conduta sexual imprópria ao vocalista, Win Butler. “Acima de tudo, desejo cura para os envolvidos”, escreveu então.
