Versão em anime adapta e subverte alguns dos mais conhecidos contos dos irmãos Grimm. Minissérie de seis episódios está disponível na Netflix.
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Como toda a gente da minha geração em diante, tive a minha dose de animes - cinema de animação japonês -, embora na altura a designação não fosse comum e muitas vezes as produções até tivessem outras origens. Depois de "Vickie, o vicking", "Heidi", "As misteriosas cidades do ouro" ou "Conan o rapaz do futuro", os meus filhos fizeram-me descobrir mais tarde "Oliver e Benji", "As Aventuras de Tom Sawyer" ou os inefáveis "Pokémon".
Com uma estética própria, bandas sonoras cativantes e temáticas adequadas ao seu público alvo, conquistaram o Ocidente e vieram para ficar. E, ao contrário do que muitos ainda imaginam, têm propostas para todas as idades.
É o caso de "As variações de Grimm", minissérie de seis episódios aconselhável a adultos, não só pela violência de certas narrativas, como pelas mensagens e exposição do lado sombrio do ser humano.
Baseada nalguns dos mais conhecidos contos infantis escritos no séc. XIX por Jacob e Wilhelm Grimm, retêm da sua fonte a perspetiva mais dura e desafiadora que as versões delicodoces subsequentes omitiram, mas também desconstroem os seus contextos.
É por isso que em "Cinderela", a jovem órfã se revela afinal uma cruel manipuladora da madrasta e das suas filhas malvadas ou que o "Capuchinho Vermelho" surge como protagonista num futuro distópico onde os lobos são "serial killers" descontrolados que buscam no sexo e no homicídio picos de adrenalina que atingirão o máximo quando passam para experiências no mundo real.
As restantes histórias desta produção são "Hansel e Gretel", "O sapateiro e os duendes", "Os músicos de Bremen" e "O flautista de Hamelin". Questionam o passado, o futuro, a ordem estabelecida ou as relações interpessoais e fazem-nos perguntar: as personagens dos contos infantis alguma vez viveram felizes para sempre?