João Paulo das Neves encontrou novo embalo para o projeto que brilhou nos anos 1990. "War songs" é o seu novo EP.
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Evocando o grafismo de "London calling", dos Clash, a capa do último EP de Spray mostra um soldado prestes a embarcar para a guerra de viola na mão, como se fosse a peça mais importante do equipamento. Há uma dupla ambiguidade na imagem: a introdução de um elemento benigno em contexto militar (um pouco como os cravos) e, escutando o álbum, a ideia de que João Paulo das Neves (elemento único da banda) embarca para as suas guerras pessoais.
"War songs" é uma espécie de gémeo de coração negro de "Broken heart", EP lançado em 2024. E é com este díptico que Spray regressa a uma produção mais consistente e regular depois de ter vivido "no céu e no inferno". Para lembrar a fase celestial de Spray é preciso recuar quase 30 anos, até 1997, quando se estreou com "Pintado no luar", que chegou a disco de ouro com uma pop solar e orelhuda. Seguiu-se "Salto mortal", em 1999, produzido por Rui Reininho. O menor sucesso do álbum fez esmorecer o entusiasmo pelo projeto e João Paulo das Neves entrou na fase que designou como "wild side".