O artista expõe “Espectro” na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira até 5 de janeiro de 2025.
Corpo do artigo
“Bairro Novo” foi a primeira obra de André Silva (Venezuela, 1980) que vi ao vivo, tendo integrado a exposição do concurso internacional, no âmbito da XXII Bienal Internacional de Arte de Cerveira, em 2022. Nesta obra o artista refletia sobre as suas deambulações em Coruche, distrito de Santarém, tendo contatado que as toponímia guardava a memória colonial portuguesa. Uma sobreposição de pinturas, cada uma representando a bandeira de um país, apresentava-se numa prateleira que dialogava com o desenho delicado de uma folha de plátano que era, simultaneamente, a visão aérea do mapa de uma espécie de bairro habitacional. O artista referia, na sinopse desta obra, a importância de contar histórias com diferentes perspetivas, tendo sido imediata a apropriação da alusão à memória pós-colonial.
A clareza e qualidade da técnica e a pertinência da narrativa interessaram-me, revelando-se a obra de André Silva, que acompanhei desde então, como um elogio das poéticas urbanas, sociológicas e topográficas, combinado com uma evocação das possibilidades da pintura para a construção de leituras do mundo em redor.