A associação SOS Arte PT considerou esta terça-feira que a proposta de Orçamento do Estado (OE) apresentada pelo Governo para 2022 "é insuficiente" e defendeu mais apoios para os artistas visuais "que continuam a ter de pagar para trabalhar".
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Margarida Sardinha, presidente da direção da entidade, lamentou que as verbas para a cultura continuem "abaixo dos 2%" do Produto Interno Bruto (PIB), número que a entidade tem vindo a defender, inclusivamente no parlamento.
"O que os artistas precisam é de apoios para o seu processo criativo. Em França, os artistas recebem apoios para produzir em estúdio, mas esses apoios não existem em Portugal", afirmou a responsável à agência Lusa.
Margarida Sardinha defendeu ainda que "todas as autarquias devem pagar aos artistas pelas exposições que fazem no país, em vez de cederem apenas os espaços, e ainda esperarem a doação de uma obra gratuitamente".
"Isto tem de acabar. É completamente inaceitável porque os artistas estão a pagar para trabalhar em Portugal. As autarquias pagam aos músicos e grupos de folclore para atuarem, por que não pagam aos artistas plásticos?", questionou a presidente da direção da Associação SOS Arte PT.
De acordo com a proposta de OE para 2022, na área respeitante à arte contemporânea, o documento indica que o Governo pretende manter o papel da Comissão para a Aquisição de Arte Contemporânea, dando continuidade ao reforço feito ao longo dos últimos três anos em aquisição de arte contemporânea, adquirindo 159 obras de arte, no valor de 1,45 milhões de euros.
O Governo pretende ainda prosseguir a política de circulação da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, prevendo, em 2022, novas exposições, a circulação de diversas coleções públicas e privadas por todo o território nacional e no estrangeiro, e ainda a implementação da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea.
O objetivo é, segundo o documento, "facilitar a descentralização do acesso à cultura, disseminando a arte contemporânea, apoiando a criação e a produção artísticas e contribuindo para a formação, a criação e o aumento de novos públicos".
A SOS Arte PT - Associação Portuguesa de Apoio aos Artistas Visuais em Tempos de Crise indica que reúne profissionais liberais, como pintores, escultores e outros artistas plásticos, bem como artistas conceptuais e multidisciplinares.