Ataque contra ator é "incitamento ao ódio e à violência”, diz José Luís Carneiro
O candidato à liderança socialista José Luís Carneiro repudiou hoje o ataque contra a companhia de teatro "A Barraca”, defendendo que o Governo, através da Administração Interna e da Justiça, deveriam informar e tranquilizar a sociedade sobre este incidente.
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“Quero manifestar o meu total repúdio por todas as iniciativas e ataques às liberdades fundamentais. Trata-se de manifestações que parecem tratar-se de manifestações organizadas. Vamos aguardar pelas investigações em curso e que atentam contra aquilo que é essencial na nossa vida democrática e aquilo que é essencial nos nossos valores constitucionais”, disse, em declarações aos jornalistas José Luís Carneiro, em Lisboa.
Segundo o candidato a secretário-geral do PS, este ataque “trata-se mesmo do incitamento ao ódio e à violência”, que tem vindo “a ser feito por toda a Europa e também em vários países do mundo”.
“Temos de, enquanto sociedade, exigir que as autoridades investiguem, que o mais rapidamente possível levem as pessoas à justiça e temos também que interpelar o Governo para ter uma palavra de informação e de esclarecimento sobre aquilo que se está a passar e as diligências que estão a ser desenvolvidas por parte das autoridades competentes”, apelou.
Questionado sobre se as declarações da ministra da Cultura não tinham sido suficientes, José Luís Carneiro defendeu que “quer a Administração Interna quer a Justiça devem pronunciar-se sobre esta matéria”.
Sobre se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, também deveria falar sobre o caso, o dirigente do PS admitiu “que esteja ainda a recolher informação e a recolher dados”. “Mas é evidente que é desejável que possa haver uma palavra de tranquilidade aos cidadãos, de reafirmação daquilo que são valores fundamentais da vida em sociedade. O nosso silêncio não pode ser cúmplice de atos, atitudes, comportamentos que atentem contra valores fundamentais”, enfatizou.
Governo deve informar e esclarecer
Para Carneiro, “o Governo tem a primeira responsabilidade de informar e de esclarecer”. “É nestas alturas que se justifica, do meu ponto de vista, uma palavra pública, por um lado para repudiar, por outro lado para dar uma palavra de tranquilidade pública e de esclarecer o que está a ser feito para, o mais rapidamente possível, levar os responsáveis destes atos à justiça”, enfatizou.
Na terça-feira, Dia de Portugal, um ator da companhia de teatro A Barraca, Adérito Lopes, foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para o espetáculo com entrada livre "Amor é fogo que arde sem se ver", de homenagem a Camões.
Em declarações à agência Lusa, Maria do Céu Guerra contou que a agressão ocorreu cerca das 20:00 de terça-feira, quando os atores estavam a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos e, junto à porta, se cruzaram com "um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.
"Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara", relatou Maria do Céu Guerra, referindo o ator em causa teve de receber tratamento hospitalar.
O público só abandonou o espaço já depois das 22:00, acrescentou a atriz, que realçou que o sucedido só não foi pior por ter aparecido a Polícia de Segurança Pública (PSP).