A Escola de Bailado de Vila Real, que este ano comemora 20 anos, tem aulas gratuitas para os rapazes, um incentivo que visa atrair mais meninos para esta modalidade. Dos cerca de 250 alunos da escola, apenas 10 são rapazes.
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"O acesso é gratuito para eles, principalmente para combater o preconceito que nós sentimos que ainda existe e aquela ideia de que a dança em geral é só para as raparigas", afirmou a diretora da escola e professora, Filipa Correia.
E, segundo acrescentou, o incentivo funciona. "Temos alunos que vêm e que ficam. É uma segunda razão pela qual eles ficam cá e que os leva principalmente a virem experimentar as aulas", salientou.
Para as raparigas, a mensalidade custa a partir de 15 euros.
Vila Real é uma cidade do interior e de média dimensão, onde ainda se vai sentindo algum preconceito relativamente à dança, que, em alguns casos, é vista como uma atividade só para raparigas.
"Nós precisamos deles. Eu acho que é uma arte e um desporto que lhes faz extremamente bem, que os completa na sua formação e, portanto, eles só têm a beneficiar com isso", referiu Filipa Correia.
A professora aconselha a que a formação em dança clássica comece o mais cedo possível para estes meninos.
José Miguel tem oito anos e revela já muita ambição. "Gosto de escrever livros, cozinhar, pintar, dançar e por isso, quando for crescido, estou a pensar em ser muita coisa", afirmou. Não é difícil aprender a dançar, acrescentou, apesar de reconhecer que há algumas danças em que sente mais dificuldades.
"Para mim a coisa mais complicada no ballet é que eu não sou muito bom a encolher a barriga, encolho sempre mal. Há mais uma coisa em que perco o equilíbrio muitas vezes, mas de resto é fácil", sublinhou.
Na escola há poucos meninos porque, na opinião de José Miguel, a maior parte deles "pensam que o ballet é só para meninas".
"Eu não penso assim porque o ballet é para todos. Quem gostar de ballet pode-se inscrever e para os meninos é grátis", frisou.
Miguel Cruz, 18 anos, anda na escola há três anos e, em tom de brincadeira, referiu que as "raparigas até têm inveja" porque os rapazes não pagam nesta escola.
No entanto, garantiu que o bailado não é a sua única paixão. Gosta também muito de jogar futebol e considerou que é perfeitamente possível conciliar as duas modalidades.
Filipa Correia referiu que os rapazes têm aulas sozinhos, para receberem uma formação mais específica para eles, mas depois juntam-se também às raparigas para trabalharem em conjunto.