"Autobiografia não escrita de Martha Freud": Dar voz a quem foi forçada ao silêncio
"Autobiografia não escrita de Martha Freud", o novo romance de Teolinda Gersão, resgata do esquecimento a companheira do célebre psicanalista.
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Mais de quatro décadas depois, o silêncio, que deu título e forma ao primeiro livro de Teolinda Gersão, volta a ser convocado para o seu sedutor universo ficcional. Em tempos e modos muito distintos, todavia: desta feita, a autora de “O cavalo de sol” partiu da abundante correspondência (mais de 1500 cartas) que Sigmund Freud trocou durante os quatro anos de noivado com a sua futura esposa, Martha Bernays, para compor um romance que impressiona pelo modo meticuloso como procura aceder à dimensão mais íntima da vida da companheira de sempre do célebre psicanalista.
Manietada por uma sociedade altamente conservadora como era a vienense do final do século XIX, a jovem Martha surge-nos nestas páginas confessionais como uma mulher de forte caráter, mas vítima dos profundos desequilíbrios emocionais e psíquicos de Sigi, como tratava o companheiro na intimidade.