O autor suíço Daniel Ceppi faleceu esta segunda-feira. Contava 73 anos. A série que lhe granjeou maior sucesso foi "Stéphane", publicada parcialmente pela Meribérica/Líber em português, no final da década de 1980, sob o título "Uma aventura de Ernesto".
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Natural de Genebra, onde nasceu a 3 de Abril de 1951, Ceppi frequentou a escola de Artes Decorativas da sua cidade natal, de onde saiu distinguido com diversos prémios.
A sua primeira experiência profissional não foi muito positiva, pois a firma norte-americana para quem trabalhava fechou pouco depois, mas possivelmente isso permitiu que a banda desenhada ganhasse mais um autor.
Decidido a trabalhar por conta própria, publicou em 1977, na edições Sans Frontière, o primeiro episódio de Stéphane, "Le guêpier". O álbum chamou a atenção da editora Les Humanoides Associés, que reeditaram a sua obra de estreia e lhe permitiram continuar a série na revista "Metal Hurlant", ao lado de nomes como Moebius, Caza, Jodorowsky ou Gillon.
Viajante inveterado, à imagem do seu criador e beneficiando da experiência deste, Stéphane Clément iria percorrer algumas das rotas asiáticas da droga, num registo misto de aventura e documentário, que reflectia algumas das paixões, descobertas e realidades da época. Nas aventuras criadas inicialmente a preto e branco, o traço semi-realista de Ceppi distinguia-se pelo uso do pincel na exploração de contrastes negro e branco e pela aplicação de tramas adesivas, que lhe permitiam moldar volumes e criar atmosferas em diferentes tons de cinzento. Ao longo de quase 40 anos, até 2009, Ceppi criou 14 álbuns da sua personagem fétiche, dos quais apenas foram editados em português "O Vespeiro" e "O refúgio de Kolstov".
Da sua bibliografia, vasta e diversificada, constam igualmente outras séries como "CH Confidentiel", sobre uma agência suíça equivalente ao FBI, "Corps Diplomatique", no mundo da diplomacia e da política. "Lady of Shalott", em 2017, foi a última obra que publicou a solo.