“Território” reúne os melhores alunos de dança do país, esta sexta-feira à noite, no palco do Teatro Aveirense.
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Num país onde a dança se faz de corpo inteiro e o gesto é futuro em construção, o programa Território regressa com o fôlego de quem já acolheu mais de 90 jovens intérpretes vindos de cerca de 40 escolas de dança de norte a sul. Mais do que um programa, Território é um lugar de passagem, ou de transformação, para bailarinos e bailarinas entre os 14 e os 18 anos que se atrevem a atravessar a exigência de processos criativos guiados por nomes incontornáveis da cena coreográfica internacional. Este ano, entre eles, destaca-se Marco Goecke.
Figura maior da dança contemporânea europeia, o alemão construiu um universo coreográfico em que o corpo se fragmenta, e se recompõe, num léxico que recusa o óbvio e a ornamentação. A sua linguagem é visceral, precisa, profundamente inquieta – como se o movimento estivesse sempre à beira de um curto-circuito emocional.
Goecke trabalhou com companhias como o Nederlands Dans Theater, o Ballet de L’Opéra de Paris, o Ballet de Stuttgart, ou a Companhia Nacional de Dança da Holanda, mas é no contacto direto com os intérpretes que a sua escrita ganha potência. Em “Smokey Sarah” (2014), a peça agora remontada em Território, assistimos a uma anatomia da dança feita de tensões nervosas, respirações cortadas e pequenos tremores que dizem muito mais do que frases amplas.
A edição 2025 abre ainda espaço para a urgência do presente. Nadav Zelner, nome em ascensão na coreografia internacional, propõe uma criação inédita que parte de um corpo em escuta, atento às convulsões do nosso tempo, cruzando dança, teatro e outras linguagens em busca de um gesto híbrido. A culminar este percurso, um olhar cinematográfico: Alexia Fernandes, vencedora do prémio Território – Estúdios Victor Córdon, no In Shadow 2024, assina o filme desta edição.
“Território VIII”
Teatro Aveirense - Aveiro
Sexta-feira, 21.30 horas