A luz fria do ecrã, os traços precisos da modelação 3D e a fisicalidade da tinta sobre a tela encontram-se, em confronto e harmonia, no mais recente projeto de Avery Singer. Para descobrir a partir desta quinta feira, no Porto.
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A artista norte-americana Avery Singer, um dos nomes mais disruptivos da pintura contemporânea, ocupa o Museu de Serralves com "run_it_back.exe", uma exposição que desafia as convenções e transforma a própria arquitetura do espaço. De 13 de fevereiro a 7 de setembro de 2025, o público é convidado a entrar neste universo onde arte, tecnologia e crítica social se cruzam.
Singer, nascida em Nova Iorque em 1987, construiu uma identidade artística única ao fundir software de modelação tridimensional com técnicas tradicionais de pintura. Em "run_it_back.exe", o processo começa no digital: figuras geométricas inspiradas em amigos e referências culturais emergem de um espaço virtual e são projetadas na tela. Depois, a artista intervém manualmente, apagando sombras e intensificando expressões, num jogo entre a precisão tecnológica e o toque humano.
Mais do que uma exposição, esta é uma instalação viva que transforma o Museu de Serralves. O átrio e a sala central foram reconfigurados com o contributo do atelier DepA Architects, num diálogo entre a cenografia e as dinâmicas do mundo digital. A mostra reflete sobre o impacto das criptomoedas, a descentralização económica e a alienação na era da informação.
Para Singer, "a pintura não é apenas um meio de expressão, mas um campo de experimentação crítica". Desde a sua inclusão na Bienal de Veneza, em 2019, até à venda milionária da obra "Happening" (2014), a artista consolidou-se como uma das vozes mais inovadoras da sua geração. Agora, em Serralves, propõe um olhar inquietante sobre um presente digitalizado e um futuro em constante reconstrução.