Primeiro álbum protagonizado pela mascote de Obélix chegou esta semana às livrarias.
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Ano 52. a. C., toda a Lutécia (Paris) está ocupada pelos romanos. Toda? Não! Um pequeno bando de cães gauleses resiste, ainda e sempre, ao invasor romano e aos seus mastins.
À frente deles está Ideiafix, a mascote de Obélix, que desde há cerca de um ano, vive aventuras a solo em banda desenhada e no pequeno ecrã. As primeiras estão a partir desta semana disponíveis nas livrarias portuguesas, numa edição da ASA; as segundas chegarão em setembro, através da RTP, na versão animada que cumpre o sonho inviabilizado pela morte de Goscinny, em 1977.
Este primeiro álbum, "Ideiafix e os irredutíveis: Neste bairro, latino não entra", de formato mais pequeno do que os álbuns tradicionais, mas mais apropriado às mãos dos leitores mais novos a quem se dirige, especialmente, devido à ligação à série de animação, inclui três histórias. Nelas, reencontramos o pequeno protagonista e conhecemos os seus novos amigos: Turbina, a cadela mais rápida de Lutécia; Glutonix, o mais forte do bando; a coruja Noturnix que quer ser druida como o seu dono; o pombo Bronquitix, um dos mais antigos de Lutécia; e até Ladina, a gata que é o terror dos cães... romanos.
À frente das andanças do cãozinho estão os argumentistas Jérôme Erbin e Yves Coulon, sob a supervisão de Matthieu Choquet, estando o desenho entregue a Jean Bastide e Philippe Fenech.
Em jeito de piscadela de olhos, ao longo das suas páginas, os leitores mais atentos irão encontrar personagens que conhecem da série-mãe, como Atrevidix, o sobrinho do chefe, que se estreou em "Astérix e os Normandos", ou Ângulorasus, o arquiteto romano que concebeu "O domínio dos deuses".
Ideiafix, agora protagonista, tem menos dois anos do que quando surgiu pela primeira vez, em "A volta à Gália". Nessa história de 1963, a quinta dos gauleses, Ideiafix estreou-se na sexta vinheta da nona prancha, quando Uderzo, seguindo a indicação escrita por Goscinny no argumento, desenhou "um pequeno cão, à entrada da charcutaria". Gostando do resultado, perguntou ao argumentista se se importava que o continuasse a desenhar ao longo do álbum, o que viria a acontecer.
Apreciado pelos leitores, que viriam a escolher o seu nome através de um concurso, Ideiafix seria adotado por Obélix no final da aventura, passando a acompanhar os gauleses regularmente. E como descobrimos agora, em cenário citadino, afinal já era o terror dos romanos.
Outros cães que se tornaram famosos através da BD
Heróis de BD com mascotes caninas são muitos: Tintin e Milu, Boule e Bill ou (o contrariado) Lucky Luke e Rantanplan são alguns exemplos, e até o Super-Homem chegou a ter um cão chamado Krypto, com poderes similares aos do dono.
No entanto, se todos estes surgem como secundários, são menos os que assumem o protagonismo. Um deles é Pateta, cuja origem canina é muitas vezes esquecida devido à sua pose antropomórfica e por contracenar com Pluto, a mascote do seu amigo Mickey. Da revista "Spirou" chega Attila, uma colaboração de Rosy e Derib, protagonizada por um cão que normalmente age como tal, mas que assume posturas humanas de espião quando ninguém o vê.
Bessy, criada por Willy Vandersteen e Karel Verschuere, foi muito popular entre nós durante décadas, em westerns dinâmicos em que enfrentou renegados e peles-vermelhas. Popular, também, foi o humor de Cubitus, o cão de grande porte e feitio conflituoso que Dupa animou nas páginas da "Tintin", a partir de 1968. Também baseadas no humor eram as aventuras de Pif, criação do espanhol José Cabrero Arnal. Do outro lado do Atlântico nasceu Bidu, a primeira personagem que Maurício de Sousa publicou em jornais, uma vezes a solo, outras mascote do Franjinha.
E se Ideiafix conseguiu dar o salto para o estrelato, podemos traçar um certo paralelo com Snoopy, o cão do eterno perdedor Charlie Brown, já que foi ele a assumir muitas das tiras e pranchas dominicais dos "Peanuts" - e a estrelar a maioria dos produtos derivados dela.