“Beauty in Black” domina streaming mas com reservas. História vive de bons temas, personagens desiludem.
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Assim que chegou à Netflix, saltou para as produções mais vistas, não só em Portugal mas no Mundo. Se está a convencer os críticos? Nem por isso. “Beauty in Black”, escrita e produzida por Tyler Perry, estreou na plataforma de streaming a 24 de outubro com bons argumentos. Drama não lhe falta - vive de temas que nos inquietam e nos corroem as entranhas: a injustiça, o preconceito e o poder (quase) inquestionável do dinheiro. Mas a falta de picante no desempenho dos atores é flagrante.
Kimmie (Taylor Polidore Williams) foi expulsa de casa pela mãe e, ao tentar sobreviver, acabou refém de um famoso clube de striptease em Atlanta. Uma das suas maiores inspirações é Mallory (Crystle Stewart), empresária de uma família poderosa que gere um império de cosméticos. Não é para menos: Mallory é um ícone de beleza e bom gosto, com um casamento de sonho e ideais fortes, voltados para o empoderamento da mulher negra.
Não fosse tudo… mentira. Além de assentar em produtos com substâncias cancerígenas, o seu grande negócio familiar esconde uma rede de tráfico humano, com mulheres a serem constantemente desviadas e obrigadas a vender o corpo. Mallory é, na verdade, execrável, calculista, mentirosa e obscena. Pelo contrário, Kimmie é doce e bondosa. No entanto, o lado lutador que todos contam ver na personagem desde o primeiro episódio simplesmente não existe. A protagonista é aborrecida, paupérrima em emoções, o que a torna cansativa e pouco interessante.
No polo inverso, destaque para o papel interpretado por Ricco Ross (Horace, genro de Mallory), o típico poderoso que, antes de morrer, decide satisfazer os seus desejos homossexuais, longe de desconfiar em que clube de striptease estava a entrar.