Compositor e cantor inglês foi um dos pontos altos do primeiro dia do festival Nos Alive. Os seus concertos são delicados recitais para espectadores fiéis.
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A preparar o pôr do sol - quem melhor do que ele? -, Benjamin Clementine. O cantor e compositor entrou em palco no Nos Alive, festival que esta quinta-feira abriu portas em Algès, às 20 horas, a hora especial dos "mágicos cansaços".
Meio homem, meio espetro divinal, meio Jeff Buckley, meio Nina Simone, o artista e poeta inglês - poeta descreve-o bem - não consegue dar concertos menos do que assombrosos. Em Portugal nunca o fez e já por cá atuou dezenas de vezes.
Apresentando-se ao público à hora de jantar, com muita circulação entre palcos, distrações diversas e ruídos cruzados, viu-se perante um desafio: como sobrepor a tudo isso a sua delicadíssima pop de câmara?
Nada que o abalasse: Clementine é paz, projeção e luz, e para o muito público junto ao palco, o seu gracioso e fino recital foi o momento marcante do primeiro dia do Nos Alive, que esta quinta-feira à noite ainda acolhe Smashing Pumpkins no palco central.
“Let it go!”, gritava a dado ponto Benjamin Clementine, e repetidamente, com o público a ecoar o grito emocionado com ele.
De sobretudo aberto, pés descalços, ao piano, mas também à guitarra, o poeta de 35 anos, com banda e coro gospel atrás, sorria muito sereno: “É bom estar de volta, Lisboa!”, gritou com a sua voz cava e quente, cheio de satisfação. E conduziu o público, que crescia à medida que o espetáculo avançava, como se o levásse pela mão sobre um tapete fofo em direção a uma catedral de pop sacramental.
Esta sexta-feira, a cabeça de cartaz do Nos Alive é Dua Lipa e sábado é dia de arromba com Pearl Jam. Pelo meio há dezenas de outros concertos para viver.