O grande destaque dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora (PBDA) vai para "Estes dias" (editado pela Polvo), de Bernardo Majer, distinguido como Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português, a única categoria que atribui um prémio monetário, no valor de cinco mil euros.
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Majer terá uma exposição individual na edição de 2023 do festival e desenhará o respectivo cartaz. Os vencedores dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora (PBDA) foram divulgados este domingo, numa cerimónia que teve lugar no Ski Skate Amadora Park, onde se localiza o núcleo central do 33.º Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
"Estes Dias" é uma coletânea de pequenas histórias, sensíveis, contemplativas e intimistas, que ilustram a banalidade das existências nos nosso dias, os pequenos nadas que se transformam em enormes obstáculos e nos fazem ver o mundo de outra forma - ou nos impedem de vê-lo.
No que diz respeito a Melhor Obra Estrangeira de BD Editada em Portugal, o júri distinguiu "O Relatório de Brodeck" (Ala dos Livros), uma adaptação brilhante do violento e visceral romance homónimo de Philippe Claudel, por Manu Larcenet, expressa num preto e branco agreste e brutal que sublima os efeitos da guerra e da presença do invasor numa pequena aldeia perdida, incapaz de viver com as memórias que os seus atos criaram.
O troféu para Melhor Edição Portuguesa de BD, que destaca a edição física de um livro pela sua qualidade gráfica e acabamentos e pelos extras que permitem uma renovada leitura da obra, coube a "Tu És a Mulher da Minha Vida, Ela a Mulher dos Meus Sonhos" (A Seita/ Comic Heart). Trata-se de uma reedição de uma obra de 2002, sobre a criação e as relações entre seres humanos, contada com um traço fino, quase só esboço, com elegantes pinceladas de vermelho que dão cor, volume e substância ao desenho.
O Prémio Revelação, para a primeira obra em BD, coube a Francisco Valle e Rui Neto por "O Crocodilo ou o Extraordinário Acontecimento Irrelevante" (Lobo Mau Produções), que tem por base o conto "Krokodil", de Dostoievski, adaptado a partir da encenação que Rui Neto fez para o Teatro São Luiz.
O palmarés fica completo com o prémio para Melhor Fanzine/Publicação Independente, entregue a "Ditirambos: Fauna", uma obra coletiva de Joana Afonso, Ricardo Baptista, André Caetano, Raquel Costa e Nuno F. Cancelinha, Diogo Carvalho, Francisco Ferreira e Sónia Mota, Sofia Neto e Carla Rodrigues, que garantem abordagens heterogéneas e de qualidade a um tema agregador, "Fauna", suficientemente vago para admitir as mais diversas aproximações, do humor à poesia, passando pelo fantástico e o intimista.
O júri dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora foi constituído por Pedro Cleto, em representação do Município da Amadora; Alice Geirinhas e Manuel Sampaio (com direito a um único voto), como docentes universitários e Marco Filipe Fraga, em representação do Clube Português de Banda Desenhada (CPBD). A 33ª edição do Amadora BD encerra a 30 de Outubro.