Cantora brasileira Bia Ferreira estreia novo formato de voz e piano este sábado ao vivo no Teatro Municipal de Matosinhos. O JN falou com a "artivista".
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“Voz e piano é sinónimo de amor no seu lugar mais natural e sincero”. É desta forma que Bia Ferreira descreve o que irá acontecer este sábado no Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos.
A “artivista”, como se apelida, numa conjugação dos termos “artista” e “ativista”, subirá a palco com uma estreia mundial: um espetáculo de voz e piano solo.
A cantora brasileira explica que será um novo desafio, nunca tendo atuado ao piano, apresentando-se “num lugar que não é de segurança”. “Sou eu perdendo um medo pela primeira vez e apresentando-me crua”. Bia Ferreira atuou por diversas vezes em Portugal este ano e este será o encerramento da sua digressão.
Quanto ao que poderá ser ouvido neste concerto inédito, conta ao JN que haverá “várias versões novas de canções próprias, mas também versões de canções de pianistas e cantores que são uma inspiração, como Nina Simone ou Ray Charles, bem como de artistas brasileiros que são importantes nesta arte do piano”.
Bia resume o espetáculo como um “contar da sua história” através da música, esperando um momento de proximidade com o público, no qual haverá diálogo entre canções. Haverá ainda momentos de ‘spoken word’, “com pendor mais político”, em que serão declamados poemas ao piano.
Brasil mais positivo
Como tem sido comum, não faltará crítica e alerta social. “Eu quero passar muitas mensagens, mas uma delas é sobre o que o Brasil passou e sobre como mais nenhum país tem de passar por isso”, diz, fazendo referência ao tempo de presidência de Bolsonaro.
Bia Ferreira acredita que o Brasil está agora num momento de “futuro positivo”, com maior investimento e abertura para a cultura na governação de Lula, mas, para a artista, “a subida do extremismo na Europa é preocupante”.
O novo formato de voz e piano surgiu pela conjugação da vontade de Bia se desafiar e a prioridade que o Teatro de Matosinhos tem dado a concertos em piano – recorde-se recentemente o concerto de Amaro Freitas no mesmo local.
A “dádiva” da estreia é uma forma de agradecer o acolhimento que Portugal lhe tem dado, diz a artista. “Portugal abrigou-me durante cinco meses e todos os meus dias de folga foram passados em Lisboa, que já é como uma segunda casa.”
Para o futuro, Bia Ferreira ainda não tem planos sobre a continuidade do espetáculo de piano e voz, reservando este formato, “talvez, para salas menores numa ocasião especial”. A reação do público matosinhense pesará também na decisão de repetir a aventura.
O concerto intimista segue o trabalho já feito no último álbum, “Faminta” (2022), mais voltado para o lado romântico. “O meu objetivo é mostrar às pessoas que há muitas coisas más acontecendo, mas o que nos cura é o afeto”.