Bienal de Fotografia do Porto apresenta a partir de hoje 16 exposições de 51 artistas. Interrogação do presente é o mote da quarta edição
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São “múltiplas as visões” que é possível encontrar na Bienal de Fotografia do Porto, mas todas convergem para “propostas comuns”. A definição é de Virgílio Ferreira, diretor do festival, a par de Jayne Dyer, e capta as ambições de um certame que, ao chegar à quarta edição, “se assume cada vez mais como uma plataforma para interrogar o momento presente e repensar a relação com o Mundo”.
“O amanhã hoje” é a temática escolhida de uma edição que arranca já hoje, às 16 horas, junto ao coreto do Jardim da Cordoaria. Das várias e intensas visitas previstas para os próximos três dias, “Luminófilos” é a primeira. Com curadoria de Sergio Valenzuela-Escobedo, a exposição inclui fotografias de artistas de diferentes paragens, como a iraniana Hoda Afshar, a suíça Claudia Andujar, o britânico Christo Geoghegan e o coletivo peruano Pariacaca.
Resultado de uma longa investigação, a mostra apresenta cambiantes de luz em diferentes partes do planeta, dos desertos às florestas. O mote não é inocente. “Num momento sombrio como este, queremos fomentar a ideia de luz”, diz Virgílio Ferreira.
Até final de junho, há mais 15 exposições e 51 artistas para descobrir, em espaços como o Museu Soares dos Reis, Estação de Metro de São Bento, Maus Hábitos ou Centro Português de Fotografia. Por detrás de cada mostra há um processo colaborativo intenso que, em muitos casos, foi iniciado há mais de um ano. É o caso de “Laços que unem”, uma das exposições inaugurais, patente na Casa Comum, na Reitoria da Universidade do Porto. Os oito artistas internacionais participantes procuraram explorar as diferentes redes de interdependências e ligações que unem os seres humanos.
Plataforma de criação
Do roteiro de inaugurações faz parte também a Fundação Marques da Silva, onde um grupo de estudantes londrinos do Royal College of Art apresenta um trabalho desenvolvido na região do Douro, intitulado “A extraterritorialidade da toxicidade”.
A programação foi construída em torno de quatro eixos (conectar, sustentar, vivificar e expandir) que incluíram projetos expositivos, residências artísticas, investigações colaborativas ou processos de mediação territorial. Num desses projetos, “Vivificar”, três artistas foram acolhidos por famílias de Mêda, Torre de Moncorvo, e Sabrosa numa residência artística que confrontou os participantes com novas realidades.
“Somos uma plataforma de criação, mas sempre em relação com as comunidades”, assume o codiretor artístico, convicto de que “a missão de chegar ao público” é “tão ou mais importante” do que o trabalho com os ecossistemas artísticos.
Sempre com participação gratuita, as 48 atividades previstas fomentam o cruzamento da fotografia com “outras visões”, sejam “a tecnologia, espiritualidade, memória ou afetos”, diz Virgílio Ferreira.