Há pouco vi um soldado a passear de mão dada com a namorada no Blumfield Garden de Jerusalém, ela pequenina e loira, ele muito alto, de camuflado, com uma arma enorme e preta pendurada ao pescoço. O jardim estava cheio de gente, mas fui o único que se virou para trás e ficou depois pasmado a olhar.
Não perguntes, "googla"
A descer a rua do Rei David (estou hospedado entre os ricos, a rua é cravejada de joalheiros e de belos bunkers amarelos de granito que parecem todos feitos por fãs do Siza Vieira) perguntei a um adolescente israelita que vinha em jogging para que lado era a Cinematek (era logo ali abaixo, a menos de 500 metros). Ele respondeu-me com o ar se-tens-um-iPhone-porque-estás-a-falar-com-um-ser-humano?, e disse: "Google it". E depois repetiu, mas agora convictamente a arregalar os olhos para mim.
A cinemateca-jardim
A Cinemateca de Jerusalém, onde decorre o festival, tem 4 salas e um jardim do tamanho de um campo de golfe, lindo, com socalcos e oliveiras, onde passam 30 filmes por dia. Ontem vi lá o John Turturro e um filme com 5 mil pessoas ao ar livre (mas depois anoiteceu e veio o vento e o novo filme do Nanni Moretti, sobre a morte da sua mãe não é demasiadamente bom como era "O quarto do filho", que ele fez há 14 anos).
Os soldados a sorrir
Aqui, numa cidade pregada de sites históricos mas com todos os luxos do comércio ocidental, há sempre soldados na rua, em qualquer rua. Impressionam-me muito, eles com os braços nas armas enormes a pender. Têm menos de metade da minha idade e olham de forma dura para o sol. Às vezes sorriem mas não sei se quando sorriem não é pior.
