Bob Vylan em Lisboa: a calma, a tempestade e tudo (o muito) pelo meio, da banda que promete "nunca" se calar
A estreia do duo londrino em Portugal esta quarta-feira teve punk, rap, saltos, moshes, a apresentação de dois novos temas, comentários políticos e cânticos por uma Palestina livre. No final, uma conclusão: "não nos podem mandar abaixo", diz o vocalista.
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Quarta-feira à noite no Lisboa ao Vivo; de um lado, na sala 2, o som etéreo, acolhedor e intimista da sueca Ionnalee a assinalar dez anos do disco "Blue"; do outro, na sala 1, muito composta, os Bob Vylan, grupo britânico que tem três discos pejados de punk, rap, grime e hardcore, bem-sucedidos apesar da edição independente, e que ganhou atenção mediática à escala global nos últimos meses, devido às declarações controversas do seu vocalista. Aqui, num concerto elétrico, visceral, e com uma forte reação do público, houve passagens pelos vários álbuns, a estreia mundial ao vivo de dois novos temas, apelos pela libertação da Palestina, e muito mais, numa comunicação constante entre canções que terminou com a certeza de que o duo não se importa sobre como os conheceram, se foi pela música, se pela política: quer seguir, continuar a atuar, rejeitar as tentativas de cancelamento e "nunca" se calar.
A dupla, composta pelo vocalista e guitarrista Bobby Vylan e pelo baterista Bobbie Vylan, nasceu em 2017 na cidade de Ipswich, mas está há anos sediada em Londres, andando atualmente na estrada a apresentar o seu mais recente disco, "Humble as the sun", de 2024 -que subiu nas vendas musicais e no Spotify depois da controversa atuação em Glastonbury deste ano. Foi a 28 de junho que o cantor apelou à libertação da Palestina no espetáculo da banda no festival britânico, transmitido em direto na BBC, acabando por gritar "morte às IDF" em referência ao exército israelita, e levando o público a fazer o mesmo. O que seguiu foi um rol de polémicas, cancelamentos de concertos e agenciamentos, revogação de vistos de entrada nos EUA onde tinham uma tournée, condenações públicas e políticas.