A programação da Braga’25, que celebra a cidade enquanto Capital Portuguesa de Cultura, começa oficialmente no dia 25 de janeiro do próximo ano, com a realização de várias atividades, entre elas um concerto de Mariza.
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Com um investimento direto de 13,5 milhões de euros na programação, a Braga’25 parte do mote “Abre a tua porta” e aproveita parte do trabalho feito para a candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027, perdida para Évora, sendo dinamizada por uma equipa que integra a Câmara de Braga e a empresa municipal Faz Cultura, responsável pela gestão do Theatro Circo e do gnration. Até dezembro, o objetivo é mostrar uma “cidade de portas abertas” à cultura, envolvendo a comunidade e fomentando a criação.
Entre os destaques já conhecidos da programação, cujos primeiros nomes foram anunciados esta sexta-feira, embora ainda sem datas, estão um concerto da pianista Maria João Pires (que atuará pela primeira vez em Braga), um espetáculo coreográfico que junta Francisco Camacho e Meg Stuart ou a estreia de uma peça de teatro de Marco Martins, encomendada pela Faz Cultura.
Tiago Rodrigues, Kim Gordon, Manuel Bouzas e Allison Orr são outros nomes já apresentados pela organização e que marcarão presença no programa da Capital Portuguesa da Cultura, que coloca um enfoque especial na abertura à comunidade, na aposta em dar palco a novos projetos e também em catapulta-los para uma dimensão internacional.
“Este é um momento para celebrar a criação artística nacional, para reforçar e trabalhar a internacionalização da criação de artistas portugueses na dimensão europeia e ainda para capacitar o setor da cultura e artístico bracarense. São os três grandes objetivos que orientam esta equipa de missão”, explicou a administradora da empresa municipal Faz Cultura.
Joana Meneses Fernandes detalhou que “cerca de um terço” dos projetos que faziam parte da candidatura a Capital Europeia da Cultura foram aproveitados, “necessariamente tendo em conta a sua capacidade de adaptação” a um novo horizonte temporal e a uma nova realidade orçamental, que conta com um financiamento estatal de dois milhões de euros.
Segundo a administradora, este é um trabalho que surge na continuidade da aposta cultural da cidade e que conta com uma “grande mobilização” de cerca de 170 parceiros locais, a que se juntam 50 parceiros nacionais e 40 internacionais. “A Capital Portuguesa da Cultura é um título de ambição nacional que quer também posicionar a cidade além-fronteiras”, garantiu.
Comunidade a participar
O envolvimento da comunidade assume-se como um dos pilares da estratégia da Braga’25, que vai permitir reforçar algumas iniciativas já implementadas pelo município, como é o caso do programa Descentrar, que em 2025 chegará a todas as freguesias do concelho, numa ótica de descentralização da cultura, ou o programa de mediação Atlas.
Será também lançado um novo festival de arquitetura e arte, que decorrerá em vários bairros e áreas residenciais de Braga, com a participação dos respetivos moradores. Essa dimensão estará igualmente presente num espetáculo coreográfico, no dia de abertura da programação, em que participarão trabalhadores da empresa municipal AGERE.
“Temos um programa que não se esgota apenas nas figuras celebradas, mas também nas emergentes e que traz para a discussão algumas narrativas relevantes dos nossos dias. Não se fica pela espuma dos dias, acreditamos que vai deixar um lastro para o futuro”, assegurou o diretor artístico do Theatro Circo e gnration, Luís Fernandes, durante a apresentação.
Novos espaços culturais
Já o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, acentuou a ideia de que a Capital Portuguesa da Cultura “não é um ato isolado”, mas “mais um momento de uma estratégia que se tem vindo a alicerçar” na cidade e que, por isso, “não se deve esgotar” no final do ano de 2025.
“Queremos que Braga represente um espaço de criatividade, de inovação, em que a cultura está muito intrincada, no seguimento da nossa estratégia cultural 2030, que é o nosso guião de bordo”, sublinhou o autarca, frisando a importância de levar as iniciativas culturais para fora dos espaços tradicionais e para a própria rua, tornando-as “acessíveis” a todos.
Segundo Ricardo Rio, além da própria programação, existem “vários investimentos” que a autarquia está a realizar na “qualificação dos equipamentos culturais”, o que “por si só deixa marcas para o futuro”. Em relação ao património, o autarca destacou as obras já realizadas no convento de São Francisco de Real e que estão em curso no centro cultural Francisco Sanches, apontando para 2025 a musealização da Ínsula das Carvalheiras.
O presidente da Câmara de Braga garantiu que o Museu da Imagem e a Casa dos Crivos – cujo concurso “será lançado até final do mês” – ficarão “disponíveis para utilização durante o ano de 2025”. No caso da reabilitação do antigo cinema São Geraldo, que acolherá um centro de media arts, a expectativa é que o concurso seja aberto entre o final deste ano e o início do próximo.