
Os mesmos Blur talentosos e sarcásticos, com mais 30 anos em cima
Rita Chantre/Global Imagens
Com "The Ballad of Darren", os Blur estão de regresso à velha fórmula e forma mas mais melancólicos e sofisticados.
Corpo do artigo
Os Blur estão de regresso à velha forma e fórmula, mas trouxeram truques novos. Há uma maior sofisticação dos temas, com arranjos mais complexos e burilados, que lhes dão um toque mais cosmopolita, melancólico e “maduro”. Lá por trás, na génese das melodias, consegue-se discernir o som clássico de uma das mais icónicas bandas dos anos 90. Mas, felizmente, os Blur não se limitaram a ir ao baú dos restos ou tentar copiar aquilo que já tinham feito. São músicas novas, com mesmo génio, mas que refletem o amadurecimento dos quatro rapazes.
Passaram-se quase três décadas desde o lançamento de “Parklife”, um disco seminal que marcou todo um estilo e uma geração. De lá para cá, tirando algumas honrosas e raras exceções, os Blur nunca mais conseguiram chegar àquele pináculo. Até agora.
Que fique bem claro: “The Ballad of Darren” não é um novo “Parklife”. ´Mas é o mais próximo que lá poderemos chegar. Após um intervalo de oito anos desde o lançamento do tépido “The magic whip”, os britânicos conseguiram recuperar alguma da aura que exibiam nos anos 90. Para tal terá sido determinante o facto de terem concebido o disco “como antigamente, com os quatro juntos na sala”, explicou Damon Albarn.
São os mesmo Blur sarcásticos e talentosos, mas agora com mais 30 anos em cima. Outro fator decisivo para este disco soar tão bem é que, em vez de o esconder, deixaram que esse peso do tempo transpirasse, sem complexos, para as músicas.
“The ballad...” é um álbum mais melancólico. Musicalmente é mais barroco, complexo, e até se notam algumas influências “crooner” na voz, “à la” Alex Turner. Logo nos primeiro acordes de “St. Charles” conseguimos identificar o som Blur maduro. Os refrões cheios e cativantes são outra das imagens marcantes deste álbum. Destacam-se ainda vários pequenos pormenores, como arranjos de cordas ou caixas de rimos, que enriquecem as melodias e lhes dão uma roupagem mais polida. Britpop para as elites amadurecidas e um dos melhores disco do ano.
Blur
The Ballad of darren
Parlophone

