Concerto este sábado à noite em Lisboa está quase a esgotar. Com convidados de luxo, os irmãos santomenses marcam de forma épica 15 anos de carreira e dizem ao JN: "Tudo é possível".
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É já a segunda vez que os Calema fazem história: a primeira foi em 2022, quando “A nossa vez” se tornou no primeiro tema em português a alcançar 100 milhões de visualizações no YouTube. Entretanto, o vídeo até já ultrapassou os 120 milhões, o que nos leva ao segundo recorde: este sábado, os dois irmãos de origens humildes, “dois miúdos com um sonho”, como contaram ao JN, enchem o maior estádio do país, tornando-se na primeira banda lusófona a atuar no Estádio da Luz, em Lisboa, em nome próprio.
Começa tudo às 21 horas, com entrada a partir das 14 horas, tal é a afluência esperada. Os bilhetes para o concerto, anunciado em dezembro, foram tão rápidos a voar que levaram à abertura do 3.° anel. Também esses estão perto de esgotar.
Para o espetáculo que marca 15 anos de carreira da dupla, há convidados especiais: nomes com quem os irmãos António e Fradique Mendes Ferreira já colaboraram, outros marcantes da lusofonia, numa noite que se te pretende, também, de festa da língua portuguesa. Mariza, Dino D’Santiago, Dilsinho, Anselmo Ralph, Tayc, João Pedro Pais e Sara Correia serão estrelas da constelação afro-pop dos Calema, numa revisitação de todos os temas fulcrais do seu percurso, sem esquecer os sucessos mais recentes.
Uma viagem em partes
Os Calema editaram no final do ano passado “Voyage 3”, disco já pejado de êxitos, como tem sido seu apanágio, na última parte de uma trilogia musical que pretendeu homenagear as raízes e percurso do duo, a sua diversidade cultural. Neste grupo de álbuns, o primeiro trabalho era mais focado na sua São Tomé natal; o segundo em França, onde começaram a atuar; o terceiro em Portugal, onde os irmãos se radicaram e a quem dizem dever muito. “O Portugal que nos deu tanto”, como referiram ao JN.
No anúncio do concerto histórico, António e Fradique, nascidos em São Tomé, com ascendência cabo-verdiana e portuguesa, assinalavam como a data pretende ser “uma festa da lusofonia”, mas também um ciclo a completar-se.
E um agradecimento ao público, cujo carinho, garantem, tem sido constante. “Tem sido sempre – e tem sido magnífico”, frisa Fradique. Para António, “receber em todos os concertos mensagens magníficas de pessoas com experiências de vida diferentes, é isso a música. Estamos tão orgulhosos pelo facto de a nossa forma de pensar, de imaginar um mundo melhor, de criar histórias, fazerem sentido para os outros”.
“Tudo é possível”
Para a dupla, que tem acumulado discos de diamante e sucessos também no estrangeiro, que está perto do milhão de seguidores no Instagram, esta noite será um momento que faz “acreditar que tudo é possível”. “De onde viemos, o que tínhamos era só o sonho de dois miúdos”. Um sonho sempre idealizado e focado. “É o que nós imaginávamos sempre, desde quando estávamos em São Tomé, quando víamos artistas em palcos enormes, com muita luz, um som maravilhoso. Nós, na altura, não tínhamos lá nada disso. Mas dissemos, ‘por que não nós? Por que só eles?’ Então, na nossa cabeça era isso: ‘É possível, nós vamos fazer’”.
Este sábado, dizem os dois, “queremos fazer uma festa linda e dizer que é possível. E através de nós, muitas outras pessoas vão dizer: 'Vamos fazer também’”.