Primeira de oito conferências dedicadas ao escritor Camilo Castelo Branco decorre esta quinta-feira à noite na Livraria Lello, no Porto. Os intervenientes são Matos Fernandes, ex-ministro do Ambiente, e o historiador José Manuel de Oliveira.
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No contexto do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, "o cartógrafo simbólico do Norte", a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) põe em marcha o seu programa comemorativo com um ciclo de tertúlias dedicado a revisitar aspetos fundamentais da obra, vida e legado cultural do escritor e a criação de uma nova paisagem urbana, na cidade do Porto, com um mural de grandes dimensões no Porto.
A primeira de oito tertúlias, com curadoria de Jorge Sobrado, vice-presidente da instituição, acontece já esta quinta-feira, 22 de maio, pelas 21.30 horas, na Livraria Lello, no Porto, tendo por tema “Camilo: Política/Liberdade”. Os convidados são João Pedro Matos Fernandes, ex-ministro do Ambiente, e José Manuel de Oliveira, historiador, museólogo e antigo diretor da Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide. A moderação caberá a Minês Castanheira. A entrada é livre.
Inspiradas no espírito de tertúlia e no gosto camiliano pelo confronto de ideias, estas sessões terão lugar em espaços camilianos da região Norte, promovendo um diálogo renovador sobre a personalidade e a obra multiformes e extravagante de Camilo, e a sua receção e relevância na atualidade.
Para Jorge Sobrado, vice-presidente da CCDR-N para a Cultura e Património, "este ciclo de tertúlias interpela de modo livre a fisionomia literária, política e espiritual de Camilo, mas também os seus vínculos nortenhos profundos e as razões que justificam a sua reapropriação e redescoberta, nos dias de hoje".
Mural com 120 metros
Entretanto, a CCDR-N desafiou 13 artistas da região Norte a criarem um mural coletivo em homenagem a Camilo Castelo Branco, a partir de uma leitura das suas obras.
Este mural artístico, a produzir no mês de junho, nos muros do edifício sede da instituição, ao Campo Alegre, no Porto, irá fixar na paisagem portuense, ao longo de 120 metros, personagens, acontecimentos ou atmosferas de 13 das obras mais emblemáticas de Camilo Castelo Branco.
“Camilo passará a dispor de um grande ecrã de arte urbana na sua cidade, o Porto. Será um ecrã que marcará a paisagem da cidade com referências camilianas, enquanto as reinterpreta. Este mural será uma interpelação camiliana - provocadora, extravagante, dramática e romanesca - aos transeuntes sonâmbulos da cidade", avança Jorge Sobrado, autor da ideia e coordenador geral da intervenção.
A iniciativa tem como curador artístico Frederico Draw e conta com as participações de Daniel Africano, Sphiza, Mots, Daniel Eime, Ana Torrie, Godmess, Mesk, Virus, Leonor Violeta, Ana Seixas, Francis.co, Mariana Malhão e Ruído.
Neste trabalho, os artistas convidados partilharão uma mesma paleta cromática, mas beneficiarão de toda a liberdade criativa. "O mural será caleidoscópio, extravagante e diverso como o próprio Camilo", explica o responsável.
Nascido a 16 de março de 1825, Camilo Castelo Branco distinguiu-se pela vastidão e profundidade da sua obra literária, explorando com aguda sensibilidade os dilemas humanos, as paixões e as dinâmicas políticas do seu tempo – dimensões que ainda hoje dialogam com a nossa contemporaneidade.