O segundo dia de NOS Alive 2025 arrancou consideravelmente diferente do primeiro. A começar pelo tempo: choveu intermitentemente em Lisboa o dia todo, e com as nuvens vieram também o vento e o frio.
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A prosseguir com o público, à primeira impressão bastante menos do que na véspera, o que já era expectável tendo em conta que o arranque se fez esgotado e hoje há menos nomes sonantes ou do género de arrastar multidões a cartaz.
“Está fantástico assim”, dizia um rapaz às amigas, que pareciam um pouco desapontadas face ao pouco público, que ainda assim se foi compondo, para Girl in Red. “Assim respira-se”, adiantava ainda.
Mother Mother e Girl in Red, dois projetos onde a honestidade, a saúde mental, o amor, a condição humana e a procura de luz, são raiz, lançaram as hostes do final de tarde: no palco secundário, e antecedidos pelos Alta Avenue, os canadianos, que completam este ano 20 anos de banda mas só muito recentemente conseguiram mais atenção, trouxeram temas da sua já longa discografia: mais de dez álbuns editados.
Em palco três vocalistas – duas mulheres e um homem – entregam temas pop-rock, os vocais por vezes mais próximos do rap, o público a engrossar e claramente composto por fãs. Logo ao terceiro tema, uma das músicas responsáveis pelo crescente interesse em seu redor, "Hayloft I", levou os fãs à entrega total.
O encanto da Noruega
No palco principal, a abertura ficou a cargo de Girl in Red, ou a norueguesa Marie Ulven Ringheim, uma estreia no NOS Alive, ainda que não em Portugal (esteve no ano passado em Paredes de Coura). Perante um público parco para o recinto mas a compor-se, a “rapariga do casaco vermelho” – agora é um blazer preto – que fala sobre amor entre mulheres, perda, saúde mental, dores de crescimento e corações partidos, batalhas e pequenas vitórias internas, levou o seu dream-pop-rock com batidas lo-fi e o seu encanto e energia à abertura do palco principal.
Atualmente com 26 anos, já muito aconteceu desde que a norueguesa começou, com pouco mais de 16 anos, a cantar e a colocar vídeos na internet: agora abre palcos do NOS Alive – ou para nomes como Taylor Swift e Billie Eilish – e tem em palco uma confiança, desenvoltura, energia e bom humor que contrastam um pouco com as letras mais irónicas ou cortantes, mas que são sem dúvida eficazes ao vivo. “Boa tarde, eu sou a Girl In Red e isto é uma ‘bad idea’ disse, cantando o dito tema, correndo sempre o palco de lado a lado a cantar, agitada, acabando mesmo por mergulhar no público, no final.
A cantora tem novo disco, "I'm doing it again baby!", do ano passado, no qual volta a falar de autoconfiança e vulnerabilidade, e durante o concerto foi explicando os temas, contando histórias, brincando, tentando talvez “normalizar a homossexualidade”; como uma vez disse que gostaria que fosse o seu legado musical.
Esta noite, há ainda The Wombats, substituição de última hora de Sam Fender que cancelou por motivos de saúde; e Justice, St. Vincent, Finneas ou Anyma para ver e ouvir no NOS Alive.