A Comissão Europeia votou por unanimidade, no Parlamento Europeu, a extensão das capitais europeias de 2020 e o adiamento das capitais de 2021. A decisão resulta do facto de as cidades eleitas terem ficado privadas de cumprir a sua programação devido às contingências provocadas pela pandemia de covid-19. Estas mudanças têm implicações pelo menos até 2023.
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Assim, Rijeka, terceira maior cidade da Croácia e principal porto do país, e Galway, igualmente uma cidade portuária, mas localizada na costa oeste da Irlanda, que detiveram o título europeu no ano passado, mas cujos eventos foram cancelados em março, vão prolongar o estatuto até ao dia 30 de abril de 2021. A decisão não entusiasmou as organizações e os governos dos respetivos países, que alegaram não terem tido qualquer incremento no orçamento para acomodar o prolongamento de calendário.
Das três cidades escolhidas para 2021 - Timisoara, na Roménia; Elefsina, na Grécia; e Novi Sad, na Sérvia -, apenas esta última será considerada Capital Europeia da Cultura em 2022.
A eurodeputada croata Zeljana Zovko elogiou o calendário, que diz beneficiar a cidade de Rijeka. "É uma oportunidade significativa para demonstrar que o setor da cultura soube adaptar-se às novas circunstâncias, e que o poder criativo, mesmo durante a crise do novo coronavírus, é um importante património cultural e um motor na promoção dos valores europeus".
Incógnita sobre o futuro
Como a pandemia continua a causar grandes incertezas em quase todas as áreas de programação e logística, atrasando os preparativos, Elefsina e Timiosara serão palco da Capital Europeia da Cultura apenas em 2023.
Para já, ainda não foi tomada nenhuma decisão relativamente às capitais europeias da cultura de 2022 - Kaunas, segunda maior cidade da Lituânia, e Esch, cidade luxemburguesa conhecida pela sua riqueza de ferro e por acolher um terço de portugueses entre a sua população total - nem de 2023, ano que seria dedicado em exclusivo ao condado de Veszprém, cidade antiga da Hungria, situada nas margens do rio Séd.
Em 2023, aliás, a Capital Europeia da Cultura deveria ser no Reino Unido. Contudo, o Brexit fez com que as cidades inglesas deixassem de ser elegíveis para o título.
A incógnita estende-se também a Portugal, que tem dez cidades (Viana do Castelo, Funchal, Leiria, Faro, Évora, Coimbra, Aveiro, Braga, Guarda e Oeiras) na corrida ao título de Capital Europeia da Cultura em 2027. As capitais europeias, que desde 1985 promovem anualmente uma cidade, são designadas quatro anos antes do ano em que assumem o título. As candidaturas para 2027 estarão abertas até 23 de novembro deste ano. Em circunstâncias normais, a vencedora, que beneficiará de uma verba de 25 milhões de euros, seria anunciada em 2023.
Lisboa, Porto e Guimarães já foram capitais
A Comissão Europeia celebra programas culturais em diferentes cidades há 36 anos. O programa arrancou em Atenas, na Grécia, em 1985. Portugal já recebeu o título três vezes: em 1994 (Lisboa), em 2001 (Porto) e em 2012, ano em que a cidade de Guimarães, que nesse ano viu nascer o Centro Cultural Vila Flor, dividiu o título com a cidade de Maribor, na Eslovénia. Há 20 anos - celebra-se a data exata do arranque no dia 13 deste mês - o Porto, que aproveitou a boleia para realizar obras míticas que modificaram para sempre a cidade, com destaque para a Casa da Música, dividiu o título com Roterdão, nos Países Baixos. Mas a primeira cidade portuguesa a receber o título foi Lisboa, sete anos antes do Porto, e dois anos depois da Europália, a exposição sobre Portugal em Bruxelas. No caso de Lisboa, a grande obra foi o Coliseu dos Recreios, que representou um investimento de quase 10 milhões de euros.