Comemora-se esta segunda-feira, dia 22 de abril, o centenário da ilustre atriz, radialista, declamadora e escritora portuguesa Carmen Dolores.
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Carmen Dolores Cohen Sarmento Veres deu-se a conhecer com tenra idade, tinha 14 anos quando começou a declamar poesia e a fazer teatro radiofónico na Rádio Clube Português (RCP), ao lado de nomes como Alves da Costa, António Silva e Isavel Wolmar. Estreou-se oficialmente ao público em 1943, com a adaptação do realizador António Lopes Ribeiro do romance homónimo de Camilo Castelo Branco, "Amor de Perdição".
Ainda muito jovem, com 19 anos, Carmen representou Teresa de Albuquerque, uma fidalga de Viseu prometida ao seu primo, Baltasar Coutinho, contudo apaixonada pelo filho da família rival, Simão Botelho. Esta é considerada uma das mais fidedignas adaptações da obra camiliana, o que ajudou ao lançamento da sua carreira no mundo do teatro e do cinema. Em 1945 estreou-se nos palcos do Teatro da Trindade, em Lisboa, onde integrada na companhia teatral "Os Comediantes de Lisboa" participou na Peça "Electra, a Mensageira dos Deuses".
Em 1961, em conjunto com outros atores, criou o Teatro Moderno de Lisboa, um projeto de curta duração, mas marcante percurso que levou à cena novas encenações de vários autores, e soube de certa forma "tomar o futuro" do teatro e das sociedades artísticas nas suas mãos, instigando os artistas a fazerem aquilo que gostavam e achavam necessário. Finalmente, em 1964, chegou à televisão, onde participou no projeto "O Óleo", que foi emitido na RTP. Em 1984 lançou o seu primeiro livro, "Retrato inacabado", onde os leitores podiam encontrar "em primeira mão" relatos de memórias da atora, sobre a sua vida dentro e fora do teatro.
O seu trabalho por estes quatro meios continuou durante mais de 40 anos, tornando-se reconhecida pelo seu trabalho em "A Vizinha do Lado" (1945), "Frei Luís de Sousa" (1967), "A Mulher do Próximo" (1988),"Retrato da Família" (1991), "A Bandeira do Povo" (1993) e "Copenhaga" (2003). Foi condecorada com três ordens honoríficas, a Medalha de Mérito Cultural em 1991, um Globo de Ouro por "Melhor Atriz de Teatro" em 2004 e ganhou o Prémio Carreira nos Prémios Sophia em 2016.