Carrilhanista Ana Elias deu dois concertos em Tui e Valença, nas duas margens do rio Minho, no IKFEM. O festival termina este sábado.
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Fado, chorinhos brasileiros, bandas sonoras de filmes e de séries, música clássica, popular e até "disco sound". Ana Elias, carrilhanista, toca quase todos os géneros musicais no seu carrilhão itinerante, que tem em Constância.
Na quarta-feira à noite, na eurocidade Valença-Tui (Galiza), surpreendeu o público, que provavelmente esperava ouvir música sacra, ao tocar nos seus 63 sinos de vários tamanhos (o mais pequeno pesa 5 quilos e o maior 1300) desde valsa ao "Fantasma da ópera", Vangelis, Zeca Afonso, Salvador Sobral, um chorinho de Carmen Miranda e o tema da banda sonora da série de TV "A Casa de Papel".
Foram dois concertos, um em cada lado da fronteira, realizados no âmbito do festival IKFEM- International Keyboard Festival & Masterclass, que decorre até amanhã. Um evento que este ano cumpre a 10.ª edição com um total de 20 espetáculos e atividades em 10 locais emblemáticos das cidades de Tui e Valença.
A carrilhanista que "passeia" os seus sinos sobre rodas desde 2015, contou que "o carrilhão é um instrumento onde é possível tocar todo o tipo de música, desde a sacra e clássica, à mais popular". "Elaboro sempre um programa que chegue a todo o público. Tem um cheirinho de tudo o que é possível tocar", adiantou, referindo que "as pessoas vão aderindo cada vez mais" ao seu espetáculo, como foi seu objetivo ao arrancar há sete anos com o projeto LVSITANVS, "o maior e mais pesado carrilhão itinerante do mundo".
Nessa senda, lança agora um novo espetáculo. "É uma abordagem completamente diferente. Temos faixas sonoras pré-gravadas, o som saí num PA [sistema de som] e tocamos no carrilhão ao vivo, por cima. São músicas disco dos anos 70 e 80, para chegar às camadas mais jovens e aos menos jovens também", contou.
Nunca antes visto
Andrea Gonzalez, pianista, diretora do IKFEM, surpreendeu-se. "Foi uma surpresa muito grande porque isto nunca foi visto nesta zona geográfica. Quando esperamos ouvir música de igreja e ouvimos a banda sonora da "Casa de Papel", rompemos fronteiras", disse, considerando: "Este festival é uma ponte de música. Temos concertos muito espetaculares em que as teclas sempre estão presentes. Hoje [anteontem] foi este do carrilhão, com teclas que se tocam com os punhos, transforma a Eurocidade numa capital musical".