A Casa da Música (CdM) apresentou na terça-feira uma agenda para 2020 em que as efemérides levam toda a programação a reboque. À volta do eixo "França" - país que volta a ser destaque da CdM, depois de uma primeira abordagem em 2012 -, há uma série de aniversários para festejar.
Corpo do artigo
Transversal à programação anual é a celebração dos 250 anos do nascimento de Ludwig van Beethoven, "o homem que mudou o lugar da música na sociedade", referiu António Jorge Pacheco, diretor artístico da instituição, ontem, durante a apresentação. As nove sinfonias do compositor serão interpretadas ao longo do ano, mas sem que estejam cristalizadas. É fulcral "interpretar a música clássica como contemporânea e a contemporânea como clássica, mantendo o respeito musical", defende o responsável.
Além desta efeméride, 2020 marca também o 15.º aniversário da CdM, que em abril terá um fim de semana festivo especial, e a chegada aos 20 anos de dois agrupamentos da Casa, o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica. No fim de semana do aniversário da CdM, a Assembleia Geral da European Concert Hall Organisation (ECHO), à qual a CdM pertence, terá a sua reunião magna no Porto.
Para explorar a perspetiva francesa, da escola de Notre Dame aos nossos dias, houve duas escolhas "naturais" para residências artísticas. O compositor Philippe Manoury e o pianista Pierre -Laurent Aimard, um dos grandes nomes da atualidade, que protagonizará cinco concertos: dois com o Remix Ensemble, dois com a Orquestra Sinfónica e um a solo.
"Vive la France" é o ciclo que marca o arranque do ano, entre 10 e 19 de janeiro, com um concerto com a Sinfónica, o coro nacional de Espanha e o coro infantil da CdM a interpretarem Olivier Messiaen e Hector Berlioz.
Há também projetos que nasceram em 2019 e que terão continuidade no próximo ano, como o "Orquestra no património", que levou concertos gratuitos ao ar livre, de Faro a Viana do Castelo, com o apoio financeiro garantido pela Fundação "La Caixa".
A internacionalização dos agrupamentos residentes será também uma das mais- -valias do programa, com a estreia alemã da Orquestra Sinfónica, na Kolner Philharmonie, em Colónia, e com a passagem do Remix Ensemble, na Elbphilharmonie de Hamburgo, "a sala onde toda a gente quer tocar".
Tour de Jovens músicos
Ainda sem revelar todos os detalhes, por se encontrarem em finalização, António Jorge Pacheco divulgou um novo projeto, intitulado "Casa de partida", onde jovens músicos de géneros tão diversos como o jazz ou o fado, muitos deles escolhidos dos concertos no café da CdM, "andarão em digressão por teatros municipais em todo o país, principalmente no interior". O serviço educativo também assegurará a continuidade do coro infantil da CdM, em três escolas de Gaia, Matosinhos e Porto. E assinala este ano os dez anos do projeto para sem-abrigo, "Som da Rua".
"O grande acontecimento cénico de 2020" será "The Hamlet Machine", de Heiner Müller, oratória de Georges Aperghis, uma estreia em Portugal com direção musical de Peter Rundel e direção cénica de Nuno Carinhas.