Associação retoma projeto bloqueado há 15 anos. Coliseu do Porto acolhe amanhã uma gala solidária.
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Em 2009, um erro administrativo ditou a suspensão de uma das mais antigas reivindicações da classe artística: a construção de um edifício no Norte do país que, à semelhança do que acontece em Lisboa, prestasse um apoio social efetivo aos profissionais em idade avançada.
Na altura, a autarquia de Matosinhos, então liderada por Guilherme Pinto, concordou com a cedência de um terreno para a construção da futura Casa do Artista no Norte, mas posteriormente apercebeu-se de que a dita área (próxima da A28) não reunia as condições necessárias para a edificação.
Na gaveta todos estes anos, o projeto voltou a entrar na agenda com a tomada de posse, em abril, dos novos corpos gerentes da Casa do Artista – Associação Mutualista dos Artistas (AMAR), da qual fazem parte José António Barros, Rui Reininho e Miguel Guedes. O presidente, João de Sousa Cunha, revela que já foram reiniciados os contactos junto da autarquia matosinhense e do arquiteto responsável pela maqueta inicial, Manuel Correia Fernandes, para que a obra saia finalmente do papel. Mas será “um trabalho árduo”, admite. Não só porque o projeto terá de ser refeito, com as dimensões e segurança exigidas pela regulamentação a terem de ser reavaliadas, como os custos iniciais de cinco milhões de euros serão por certo largamente ultrapassados.
Com capacidade para 120 utentes, metade dos quais residentes, a futura Casa do Artista no Norte será constituída por residências e centro de dia. Entre os serviços a prestar estão os cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação, enfermagem e assistência medicamentosa. “Os artistas são uma classe socioprofissional que enfrenta muitas dificuldades, sobretudo em idade avançada”, diz João de Sousa Cunha. O modelo de funcionamento a implementar será em tudo similar ao da sede em Lisboa, que funciona desde 1999, embora, numa primeira fase, por contenção de custos, o projeto não contemple a construção de um auditório.
Convencido de que “sem apoios públicos é impossível avançar com o projeto”, o dirigente espera uma resposta positiva das instituições que têm vindo a ser contactadas., incluindo os municípios da Área Metropolitana do Porto. Em marcha está já também a candidatura aos quadros comunitários de apoio, com a qual a AMAR pretende arrecadar “o montante mais elevado que for possível”.
“Uma causa nobre”
Com a participação já confirmada de Gisela João, GNR, Miguel Araújo, Ornatos Violeta, Banda Filarmónica de Matosinhos-Leça, José Raposo, Óscar Branco, Pedro Lamares, Rita Reis e Rui Xará, a gala solidária que o Coliseu do Porto recebe amanhã à noite inscreve-se no esforço da associação de angariar receitas próprias.
Miguel Guedes, presidente do Coliseu, considera-a “uma noite especial e irrepetível”, por reunir artistas com um “percurso muito variado”. Mas não só. “É uma necessidade artística premente”, relembra o também dirigente da AMAR, que afirma ainda a vontade de colocar na agenda “uma causa nobre”.