Estruturas pequenas, poucos recursos e desinvestimento: eis as maiores fraquezas apontadas pelo órgão consultivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
Corpo do artigo
A escassez de recursos humanos qualificados, a reduzida dimensão de estruturas e o desinvestimento em arqueologia e museus de identidade territorial foram as principais vulnerabilidades identificadas pelo Conselho Estratégico da Cultura do Norte, que reuniu esta segunda-feira pela primeira vez.
Criado com o propósito de apoiar a instituição na reflexão estratégica sobre os desafios da área do património e da cultura da região, o órgão consultivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) tem como missão identificar linhas de aposta, oportunidade e vulnerabilidade, num contributo para o Plano de Ação Regional para a Cultura, cuja proposta foi hoje apresentada.
"É a região cultural por excelência do país à procura da sua afirmação por direito", começou por descrever o vice-presidente da CCDR-N para a Cultura e Património, Cooperação e Comunicação, Jorge Sobrado, apontando como principais vulnerabilidades a escassez de recursos humanos qualificados, a reduzida dimensão de estruturas e o desinvestimento em alguns domínios críticos, nomeadamente na arqueologia e nos museus de identidade territorial.
As três dimensões
Elaborado no âmbito do Plano de Ação Regional para a Cultura, o diagnóstico traça um retrato atual do panorama cultural e patrimonial do Norte, cujo último levantamento foi realizado há mais de 15 anos.
"É uma fotografia ambivalente que nos confirma, por um lado, o importante estatuto patrimonial muito relevante da região, mas, ao mesmo tempo, nos aponta vulnerabilidades estruturais na salvaguarda ou na valorização desse património cultural", adiantou Jorge Sobrado.
Acrescentou que este retrato mostra que o setor criativo "tem um potencial ainda por realizar do ponto de vista do seu desenvolvimento e da sua afirmação".
Como instrumento de apoio à aplicação da estratégia e do programa NORTE 2030, a CCDR-N tem em desenvolvimento o "Plano de Ação Regional para a Cultura", no qual estarão definidas prioridades e linhas de ação, de base regional, para a valorização do património cultural e desenvolvimento do setor cultural e criativo da região.
"São três dimensões fundamentais: a dimensão do património cultural, a dimensão dos serviços e equipamentos culturais e a dimensão do ecossistema criativo e artístico. São essas três dimensões que têm de ser consideradas e que dão origem a um conjunto de propostas e de linhas de ação e até algumas prioridades", disse.
As pessoas primeiro
A antiga ministra da cultura Isabel Pires de Lima e o historiador galego Ramon Vilares são duas das personalidades que compõe o Conselho Estratégico da Cultura do Norte, no qual, para além de Jorge Sobrado, têm assento Aida Carvalho, Gaspar Martins Pereira, Isaque Ferreira, Joana Aguiar e Silva, João Rapagão, Jorge Costa, Nuno Crespo, Rodrigo Areias, Suzana Faro e Teresa Albuquerque.
"Uma das preocupações mais transversais das intervenções dos conselheiros foi no sentido de os investimentos na cultura e no património traduzirem-se em ganhos do ponto de vista da relação das comunidades com os lugares, da formação de públicos e da capacitação das próprias estruturas técnicas dos equipamentos culturais. Ou seja, as pessoas no centro das políticas", afirmou Sobrado.
Cultura e turismo de mão dada
À Lusa, a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, que integra em nome pessoal este órgão consultivo, assinalou a importância deste conselho estratégico na definição de novos caminhos para mitigar as fragilidades identificadas.
Para a conselheira, é necessário trabalhar em prol de uma maior agregação dos vários recursos e da sua transformação em valor, bem como no sucesso deste "casamento singular entre a cultura, os públicos e o turismo".