Gala de Comemorações do Centenário da fadista sobe hoje ao palco do Coliseu Porto Ageas e viaja até Lisboa dia 9 de outubro.
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Amália em todas as suas dimensões - fadista, poeta, intérprete fulgurante em vários idiomas, figura maior da cultura do século XX - é a proposta da Gala de Comemorações do Centenário da cantora nascida em Lisboa a 23 de julho de 1920. O primeiro espetáculo realiza-se hoje, no Coliseu Porto Ageas, e o capítulo seguinte terá lugar no Coliseu dos Recreios, dia 9 de outubro.
Adiada um ano devido à pandemia, a gala terá como convidados os fadistas Ricardo Ribeiro, Cuca Roseta, Joana Amendoeira, Gonçalo Salgueiro, Katia Guerreiro e Peu Madureira, acompanhados por Pedro Castro e Luís Guerreiro na guitarra portuguesa, André Ramos na viola e Francisco Gaspar no baixo. Haverá ainda a presença de Lúcia Moniz, que irá declamar poemas escritos por Amália, e um rol de jovens fadistas locais: Cátia de Almeida, Carla Cortez, Marcelo Soled, Rui Vaz e Francisco Moreira.
Montados com cenografia sóbria e elegante, feita de panos negros e jogos subtis de iluminação, os espetáculos visam homenagear a artista e lembrar as suas múltiplas facetas: "O grande público conhece-a sobretudo como fadista, mas Amália é uma intérprete extraordinária, das maiores do século XX, que transcende géneros e países: cantou em francês, inglês, castelhano e italiano, sempre de forma sublime. Queremos dar conta desse estatuto mundial que Amália conquistou", diz ao JN Vicente Rodrigues, presidente da Fundação Amália Rodrigues, que organiza a gala e outros eventos associados ao centenário.
60 anos de trajeto
Os músicos e intérpretes em palco irão cumprir esse trajeto, de quase 60 anos, onde Amália cantou as palavras de poetas como José Carlos Ary dos Santos, David Mourão Ferreira, Alexandre O"Neil ou Manuel Alegre, mas também o repertório que contribuiu para dar expressão global à sua voz, como as canções italianas e francesas, o flamenco e a bossa nova, o jazz e o folclore, ou os rancheros e corridos mexicanos. Sempre com um pé na tradição e outro na vanguarda.
Além destes concertos, o centenário de Amália continuará a ser celebrado até ao final do ano, com mais espetáculos ("100 Músicos para Amália", no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, dia 29 de outubro); exposições no Museu de Lisboa - Palácio Pimenta, Panteão Nacional, Museu Nacional do Traje ou Palácio da Ajuda; conferências e colóquios no Museu do Fado e Universidade Nova de Lisboa; programas educativos; e lançamentos e reedições de livros e discos, como "Amália não sei quem és", de Vítor Pavão dos Santos, "Amália - Os primeiros anos", banda desenhada com textos e desenhos de Nuno Saraiva, ou "As primeiras gravações", álbum duplo que reúne gravações feitas no Brasil em 1945, com vários inéditos encontrados recentemente em fita e acetatos de 78 rpm.
Cabe ao público participar nesta efeméride, recuperando nas aparelhagens e computadores a voz poderosa e inigualável da "Rainha do Fado".