Tertúlias e murais artísticos integram programa comemorativo da efeméride desenvolvido pela CCDR-N. Pedro Abrunhosa e Capicua entre os participantes. Parceria com o JN evoca "Capitães do Norte".
Corpo do artigo
Do Porto a Boticas, de Braga a Vimioso, as comemorações do 25 de Abril promovidas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N) adotam como divisa o lema “Liga o Norte”.
A “pulverização territorial”, nas palavras do vice-presidente Jorge Sobrado, tem por objetivo “envolver as comunidades”, quer estejam localizadas nos principais centros urbanos ou em locais de menor densidade populacional.
Na apresentação do programa que se vai estender pelos próximos meses, o presidente da CCDR-N, António Cunha, defendeu que os valores do 25 de Abril “estão ligados” aos da instituição que dirige. A lista só não é completa porque “o desígnio da regionalização continua por cumprir”, alertou.
O país não é só Lisboa
Desenvolvida em torno dos eixos Pensamento, Memória e Criatividade, as iniciativas assumem o objetivo de transmitir “uma versão menos assimétrica” da efeméride, demonstrando que esta não se fez apenas “entre o Terreiro do Paço e o Largo do Carmo”, reforçou Jorge Sobrado.
Se a componente da memória vai ser assegurada por um conjunto de conteúdos desenvolvido pelo “Jornal de Notícias”, o pensamento é a tónica dominante do evento “Tertúlias de café”. Trata-se de um ciclo de debates programado para oito cidades (Porto, Vila Real, Braga. Amarante, Bragança, Viana do Castelo, Chaves e Guimarães) que vai recriar o ambiente de livre discussão nos cafés nortenhos nas décadas que antecederam a revolução.
Da lista de oradores já confirmados fazem parte Germano Silva, Miguel Guedes, Isabel Pires de Lima, Pedro Abrunhosa, Capicua, Luísa Salgueiro ou Laborinho Lúcio, entre muitos outros.
Das praças aos cafés
O segmento da criatividade chega através do evento “Mural x 8”, virado para a arte pública. O número corresponde aos artistas plásticos convidados a criar um mural, enquanto símbolo primeiro de rebeliões e expressão histórica do 25 de Abril, que manchou as paisagens urbanas da região com mensagens e simbólicas da revolução”, explica a organização.
Agostinho Santos, Fátima Bravo e Leonor Violeta estão entre os artistas que vão criar obra pública em localidades como Boticas, Penedono e Resende, evocando artistas da estirpe de Armanda Passos, Fernando Lanhas e Ângelo de Sousa.
Transversal a todas estas iniciativas está a vontade de “fugir aos lugares mais institucionais” e promover eventos em praças e cafés.
Para o vice-presidente da CCDR-N, responsável pela área da Cultura, o fator distintivo deste programa de escala regional “é mesmo a vontade de ir para a rua”.
“Capitães do Norte” no JN
A memória, um dos eixos programáticos das comemorações promovidas pela CCDR-N, vai ser evocada através de uma série de conteúdos intitulada “Capitães do Norte”.
Nesta parceria editorial com o “Jornal de Notícias”, vão ser apresentadas histórias de resistência e coragem protagonizadas por pessoas que contribuíram, quase sempre na sombra, para que a revolução se materializasse.
“Queremos desenterrar o baú e revelar histórias do 25 de Abril que estão ainda por contar”, sustenta Jorge Sobrado, vice-presidente da CCDR-Norte com a área da Cultura, para quem “foi sobretudo a partir do Norte que a consciência democrática começou a ser formada em Portugal, nas décadas de 1950 e 1960”.
A investigação, conduzida pelo jornalista do JN Pedro Olavo Simões, e ainda por Joel Cleto e Suzana Faro, vai dar origem a um conjunto de artigos e reportagens com publicação prevista ao longo do ano na revista “JN História” e também ainda em formato de vídeos documentais no site do “Jornal de Notícias”.