Cerveja e um concerto pela TV: assim nasceu a ideia das pulseiras nos concertos dos Coldplay
Coldplay atuam, esta semana, em Portugal, e espetáculos vão contar com as famosas pulseiras luminosas. Ideia surgiu em 2010, depois de um fã britânico ver um concerto da banda na televisão.
Corpo do artigo
São um espetáculo dentro do espetáculo. As pulseiras luminosas são imagem de marca nos concertos dos Coldplay há anos e a ideia nasceu, precisamente, graças a uma sugestão de um fã da banda, em 2010.
Jason Regler, que sempre gostou de "criar e reparar coisas", deixou os estudos para ajudar na oficina de automóveis dos pais e dedicar-se a tempo inteiro ao talento. O britânico acabou por criar uma pequena empresa em 2005, dedicada a fazer pequenas peças eletrónicas para brinquedos e que empregava quatro pessoas. Mas as coisas não correram como o esperado: a falta de pagamento de um dos clientes fez com que o negócio fosse à falência. "Foram tempos penosos", contou em entrevista à BBC. Mas quando se fecha uma porta, abre-se uma janela, diz-se. Teoria que encaixou na perfeição na vida de Regler.
O britânico, na altura desempregado, estava em casa a beber uma cerveja enquanto via o festival de Glastonbury na televisão. Os Coldplay subiram ao palco e, quando tocaram o tema "Fix You", um dos mais conhecidos e aclamados pelos fãs, fez-se luz na cabeça de Regler quando Chris Martin cantou a frase "lights will guide you home" [Luzes guiar-te-ão a casa]: Imaginou uma plateia colorida e com equipamentos que piscassem ao ritmo da música que era tocada em palco. Ainda assim, tudo não passava de uma ideia, uma vez que Jason não conhecia nenhum técnico nem ninguém da área que fizesse chegar a sugestão à banda. Mas tudo mudou em 2010.
Regler decidiu surpreender o filho com bilhetes para um concerto dos Coldplay que davam direito a conhecer a banda, mas um nevão impediu a viagem até Newcastle. "O meu filho estava devastado. Por isso, entrei em contacto com a Crisis, a empresa organizadora do evento de beneficência, e perguntei se havia algo que pudessem fazer. Recebi um email do Phil Harvey, diretor criativo da banda, a perguntar se queríamos ir ver um dos ensaios". Sem nada a perder, foram e deram a ideia que tinha surgido cinco anos antes. Harvey mostrou-se imediatamente recetivo. "Disse-lhe que estava mesmo a precisar de um golpe de sorte", admitiu Jason. E teve, uns meses depois: "Recebi uma mensagem. Era o Harvey a dizer que tinha falado com o Chris e que era um sortudo. Ele queria saber quando podíamos começar a fabricar as pulseiras".
Estreia foi num concerto em Madrid
Depois de ter luz verde para a sugestão, tudo avançou depressa, até porque os Coldplay queriam estrear a ideia em Madrid. "Toda a gente dizia que estávamos loucos. As pulseiras só chegaram a Madrid na manhã do dia do espetáculo. Eu e o Phil Harvey saímos do hotel com uma caixa cheia de pulseiras e disse-lhe que estava cheio de medo. A noite foi assustadora, mas tudo funcionou. Ao chegar ao hotel, tinha uma mensagem no telemóvel. Era o Chris Martin a dar-me os parabéns, que tinha sido a coisa mais bonita que tinha visto. E queria repetir tudo", recordou.
Em outubro, durante a grande digressão Mylo Xyloto, as pulseiras fizeram parte dos espetáculos e continuam a fazer. Hoje, o acessório, agora da responsabilidade de outra empresa, a CrowdLed, é mais ecológica - "O plástico usado nas pulseiras 7-LED têm uma pegada ecológica 400% mais baixa do que o plástico comum", informou a banda - e reutilizável. Por isso, os Coldplay pedem sempre que as mesmas sejam devolvidas no final de cada espetáculo. "Nós investimos muito dinheiro. Elas valem a pena porque olhas para a multidão e o espetáculo é outra coisa, mas devem devolvê-las porque são realmente muito caras", apelou, entretanto, Chris Martin. Mas nem sempre acontece. Em São Paulo, por exemplo, foram devolvidas apenas 79%, a pior média desta digressão que vai passar por Portugal nos dias 17, 18, 20 e 21 de maio.