Nunes Liberato entrou, hoje, domingo, pelas 9.40 horas na Câmara Municipal de Lisboa, onde está a ser velado o corpo do escritor José Saramago.
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Nunes Liberato, que representa o chefe de Estado quando este assim o determina, estava acompanhado por um militar e não prestou quaisquer declarações à entrada.
Na Praça do Município mantém-se o aparato da comunicação social e cerca de meia centena de pessoas, que esperam entrar no Salão Nobre da autarquia, onde está em câmara ardente o corpo do Prémio Nobel da Literatura de 1998, falecido na sexta feira, aos 87 anos.
O cortejo fúnebre sairá pelas 12 horas dos Paços do Concelho, com destino ao cemitério do Alto de São João, onde serão cremados os restos mortais do escritor.
O Presidente da República, Cavaco Silva, recordou sexta feira José Saramago como um "escritor de projecção mundial", sublinhando que "será sempre uma figura de referência" da cultura nacional.
Actualmente, Cavaco Silva encontra-se de férias nos Açores.
Sábado à noite, o líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, apelou ao Presidente da República para que se faça representar no funeral de José Saramago, esquecendo a "perseguição política" contra o escritor protagonizada por um Governo seu.
"Houve um Governo de Cavaco Silva e um secretário de Estado cujo nome o país não recorda que atacou a sua obra por perseguição política, e nessa altura, (Saramago) escolheu viver em Lanzarote, mantendo as suas pontes com Portugal", lembrou Louça.
O líder bloquista afirmou, porém, que, "passado esse passado, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, não deve deixar que nenhuma névoa permita qualquer confusão com aquilo que foi a mesquinhez de atitudes do passado", quando o seu Governo censurou um dos livros do prémio Nobel, o Evangelho Segundo Jesus Cristo.