Autor norte-americano distingue-se pelo seu estilo minimalista
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Sem surpresa, já que integrava o trio de finalistas pela quarta vez, o norte-americano Chris Ware foi esta quarta-feira anunciado como o vencedor do Grand Prix D"Angoulême 2021.
O autor, nascido Franklin Christenson Ware, em Omaha, em 1967, teve a preferência da maioria do colégio eleitoral, composto pelos autores de BD com obra publicada em França, derrotando assim as outras duas finalistas, Catherine Meurisse e Pénélope Bagieu.
Tendo publicado as suas primeiras tiras no final dos anos 1980, no jornal dos estudantes da Universidade de Austin, da sua bibliografia destacam-se os títulos "Acme Novelty Library" (iniciado em 1994), "Jimmy Corrigan, the Smartest Kid on Earth" (2000), "Building Stories" (2012) ou "Rusty Brown" (2019).
São obras dotadas de uma grande densidade visual, com cada página em estilo linha clara a poder contar dezenas de vinhetas de pequena dimensão, como forma de decompor o movimento ou analisar ao microscópio o quotidiano das suas personagens, para além de textos ou outros elementos gráficos. Nelas, através de personagens tímidas, frágeis e melancólicas, Ware explora de forma intimista temas como o isolamento social, a tristeza ou a depressão, embora pintados com cores vivas e um design muito elegante.
Autor meticuloso em extremo, Chris Ware presta imensa atenção aos detalhes, sejam eles a legendagem, a composição das páginas, o design ou mesmo o seu acabamento gráfico, conferindo muitas vezes às suas obras um aspeto "vintage".
Jacques Samson, autor de uma monografia sobre Ware, descreve-o assim: "É acima de tudo, um contador de histórias, mas nunca sacrifica nada em termos gráficos, seja o desenho, a planificação ou a maquete. É alguém que adora livros, ama a impressão e intervém a todos os níveis na conceção da obra." E acrescenta: "revolucionou a BD na medida em que narra coisas radicalmente diferentes da banda desenhada que encontramos nos Estados Unidos.
Quando entramos no universo de Ware, entramos numa terra desconhecida, num universo totalmente novo.
É a terceira vez que é Chris Ware é distinguido em Angoulême, depois de em 2003 "Jimmy Corrigan, the Smartest Kid on Earth", que explora a relação difícil mas tocante entre um rapaz e o pai, ter recebido os troféus para Melhor Álbum e da Crítica.
O Grand prix d"Angoulême vai juntar-se a 22 Eisner Awards e a 28 Harvey Awards, os mais importantes prémios da indústria de BD norte-americana, e mesmo a prémios literários como o American Book Award ou o Guardian First Book Award.