
Passagem do governante britânico pela Madeira marcou o turismo da região
Museu de Fotografia da Madeira
Passagem do governante britânico pelo arquipélago em janeiro de 1950 é relatada pela realizadora Joana Pontes.
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"Churchill na Madeira" é um documentário que mergulha num episódio insuficientemente explorado. Este trabalho de Joana Pontes narra a viagem de Winston Churchill à Madeira, um processo que teve início com um convite para uma visita àquele arquipélago endereçado pelo Reid"s Palace Hotel em 1949, ao qual o então ex-primeiro-ministro britânico respondeu positivamente, tendo chegado a 1 de janeiro de 1950 a bordo do navio Durban Castle.
O Canal História, em conjunto com a RTP, vai estrear esta produção original, uma minissérie intitulada "Churchill na Madeira", no próximo sábado pelas 22.15 horas. Dividida em dois episódios de 50 minutos, o trabalho permite dar a conhecer a visita de um modo detalhado.
Quando chegou à Madeira, Sir Winston Leonard Spencer Churchill tinha já lugar gravado na História, depois de comandar os destinos do Reino Unido entre 1940 e 45, atravessando a Segunda Guerra Mundial. (Voltaria ao cargo entre 1951 e 55.) A sua visita ao arquipélago português valeu uma enorme plateia à chegada e revelou-se um evento de grande importância, que marcou essencialmente o turismo da região para sempre.
12 dias revisitados
Joana Pontes, já com um currículo amplo em obras documentais, aborda a visita desde os preparativos até à chegada de Churchill, além do seu tempo na Madeira, recorrendo a arquivos e a cartas e reconstituindo acontecimentos.
Entre os vários participantes na produção, a realizadora conta com o historiador José Pacheco Pereira; Miguel Albuquerque, o presidente do Governo Regional da Madeira; e Michael Blandy, membro da família da maior produtora de vinho da Madeira que fez o convite a Churchill.
As gravações da obra decorreram integralmente no arquipélago, em locais por onde Winston Churchill passou os seus 12 dias, e onde também foram entrevistados os especialistas e filmadas as reconstituições. A produção passou por locais como Fajã de Nogueira, o Ribeiro Bonito de São Jorge, a Quinta do Palheiro Ferreiro e o Reid"s Hotel, onde o mítico primeiro-ministro britânico ficou alojado.
  "Ilha revelou-se um lugar seguro". Entrevista com a realizadora Joana Pontes
    
  
O que há neste evento que é valioso partilhar?
O projeto partiu de um desafio que veio da Madeira, a propósito de uma bobine de filme que Francis Zino, médico que vive no Funchal, tinha em seu poder e que mostrava imagens dessa época feitas pelo seu pai. Contar a história desta visita é compreender, de uma forma diferente do habitual, quem foi esta grande personagem, e entender a Madeira como lugar e destino de tantas viagens.
Vários são os testemunhos reunidos. Como selecionou estes participantes e de que maneira ajudaram a história?
A pesquisa contribuiu para a escolha dos intervenientes. Por causa do convite feito a Churchill tornou-se relevante falar com a família Blandy, na altura proprietária do Reid"s Palace Hotel, onde ficou alojado. O mais engraçado passou-se com Marcelino Abreu, filho do motorista que serviu Churchill na Madeira. Ele é que nos contactou porque falei do projeto num programa da RTP Madeira. Os historiadores permitem uma compreensão mais ampla do contexto.
Que marca Churchill deixou na Madeira?
A sua estadia mostrou a Madeira como um lugar seguro e tranquilo. Não nos esqueçamos que a guerra havia terminado há poucos anos. Há dados que mostram que a seguir a esta visita o turismo na Madeira teve um grande impulso, principalmente dos ingleses. Ainda hoje há turistas que ficam no Reid"s por causa do Churchill e há quem queira ficar na suite onde esteve alojado. Como se fosse uma pop star.
