Cinema e realidade virtual no Rivoli: olhar para o sol sem queimar os olhos

“Esta peça é um desafio para ver com os olhos fechados – como num sonho.” As palavras são de Apichatpong Weerasethakul, ou “Joe”, simplificação usada até no seu país, a Tailândia, onde o nome do realizador é também complicado de pronunciar. E o desafio é “A conversation with the sun”, performance com cinema e realidade virtual que será apresentada, entre quarta e sábado, no Teatro Rivoli, no Porto.

Façamos o resumo do que espera a audiência: 15 pessoas entram num espaço onde se encontra um ecrã com dupla face: veem imagens urbanas, neóns, gente a dormir e um sol gigantesco a vibrar. Isto na primeira parte do show. Na outra metade, as mesmas 15 pessoas irão colocar capacetes de realidade virtual e confrontar-se com um novo espaço, onde habitam imagens que evocam as anteriores, nomeadamente o sol e as pessoas que dormem. Para não tropeçarem umas nas outras, cada corpo será percebido, no novo ambiente, como uma esfera de luz flutuante, existindo alertas de proximidade se alguém estiver prestes a embater na mobília. Entretanto, entraram mais 15 pessoas, que assistem às mesmas imagens que as primeiras, mas também aos indivíduos que ali se movimentam de capacete. O que significa que haverá sempre 30 pessoas naquele espaço durante as várias sessões diárias e contínuas, exceto na primeira e na última.