O clássico e filme de culto “Massacre no Texas” está de volta, em cópia restaurada.
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Estreou em 1974 e tornou-se desde logo alvo de censura, numa América em crise, e de culto imediato, por parte de uma legião de fãs por todo o mundo, muitos dos quais vendo o filme apenas em péssimas cópias em VHS.
“Massacre no Texas”, o original de Tobe Hooper, está agora de volta, para ser visto onde deve ser, na sala escura que potencia a sensação única de horror, e em cópia restaurada. É, sem dúvida, um dos acontecimentos cinematográficos do ano.
Exagero? Quentin Tarantino, que mesmo os que não aderiram ao seu cinema reconhecem como um dos maiores fãs e conhecedores da história do cinema, indica “Massacre no Texas” como o primeiro de uma lista reduzida de sete filmes “perfeitos” saídos do cinema americano. E Stephen King também não exita: “é o filme mais assustador que jamais vi”.
Tobe Hooper inspirou-se vagamente numa personagem verídica, o assassino em série Ed Gein, que daria azo a um filme mais “sério”, para nos contar a história de um grupo de adolescentes perdidos algures no interior do Texas e que vão ter a uma casa onde experienciam um horror inimaginável. Leatherface tinha encontrado o seu lugar no imaginário coletivo.
Tobe Hooper realizaria uma década mais tarde uma “parte 2” bem menor e o original seria refeito várias vezes, mas a versão de 1974 continuará para sempre a ser um marco incontornável do filme de terror e da cultura popular.
Em Portugal em 2013, como convidado do Motel/X, Tobe Hooper, que nos deixaria quatro anos mais tarde, explicava-nos na primeira pessoa o valor sociológico que o filme encerra: “Há muito horror na América. E muita violência. A CNN é um programa de terror. As notícias passaram a ser um espetáculo, porque o terror está ao virar da esquina. Há pessoas a perder as casas e a dormir debaixo das pontes. O estilo de vida está a mudar, devido à atmosfera política. As pessoas identificam-se com o terror, que pode vir do vizinho do lado.”
Tobe Hooper também nos recordou a atmosfera que já sentia na rodagem em torno do filme. “As coisas durante a rodagem começaram a compor-se muito bem. Senti que o filme poderia passar a fazer parte da história do género de terror. Era fácil vê-lo, porque nessa altura eu era um espectador como qualquer outro. Não estava de forma alguma envolvido na indústria. O filme era algo que eu enquanto espectador queria ver. Achei que estávamos a fazer algo de especial, mas ultrapassou as minhas expectativas.”
O filme foi banido em vários territórios, como por exemplo Inglaterra. “A primeira cópia em VHS que vi do filme foi nos armazéns Harrods, em Londres”, recordou-nos Tobe Hooper. “Mas depois baniram o filme durante vinte anos. Por ser demasiado explícito, pela sua intensidade. O título também ajudou o filme a ter sucesso.”
