Depois de um processo "mirabolante" que quase acabava com o certame, a 14ª edição do Circular Festival de Artes Performativas arranca no sábado e, durante uma semana, volta a reunir em Vila do Conde diversas propostas. Mantendo o compromisso com a criação artística contemporânea, associa-se a novos projetos, atento ao seu contexto local, incluindo agentes culturais da cidade, apresentados em estreia absoluta e nacional.
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A programação, adverte Paulo Vasques, diretor do certame, "não é a pretendida". A revelação tardia dos resultados finais dos apoios da DGArtes com que foram contemplados reduziu o tempo da produção, que foi "altamente desgastante". Tudo teve de ser organizado entre entre junho e setembro, o que inviabilizou algumas das propostas pensadas. Ainda assim, o evento recebe onze propostas de artistas portugueses e internacionais em cinco locais: Teatro Municipal de Vila do Conde, Auditório Municipal, na Solar Galeria de Arte Cinemática, no Auditório da Santa Casa da Misericórdia e no Conservatório da cidade.
O destaque desta edição vai para o francês Christian Rizzo, renomado coreógrafo europeu e diretor do Centro Coreográfico Nacional de Montpellier Languedoc-Roussillon, que regressa ao Circular, depois de uma passagem com "Aprés d´une histoire vraie", em 2015. Apresenta a peça "ad noctum", em estreia nacional, que retoma a inspiração das danças populares a pares e reúne dois intérpretes emblemáticos, Julie Guibert e Kerem Gelebek. O espetáculo será apresentado no Teatro Municipal de Vila do Conde.
Outras das estreias é a de Clara Amaral, jovem coreógrafa residente em Amsterdão que apresenta "Do you remember that time we were together and danced this or that dance?". A performance terá 20 récitas ao longo de quatro dias.
João dos Santos Martins, artista Residente da Circular desde 2015, apresenta "Onde está o casaco?" em co-criação com Cyriaque Villemaux e Ana Jotta. Joclécio Azevedo, outro dos artistas residentes, traz "Modos de Usar" com a bailarina Isabel Costa. "Modos de usar" é um projeto que pretende agregar propostas performativas em diálogo com a questão política.
Apesar da dança ser transversal a todas as edições do Circular, a programação não se esgota nesta disciplina. Em estreia nacional será apresentado "Deixa Arder", da brasileira Marcela Levi e da argentina Lucía Russo, uma relação intimista com os espetadores, entre o burlesco, o funk, jazz e pop. Haverá também um debate com a participação de Joana von Mayer Trindade & Hugo Calhim Cristovão + Celeste Natário, Claúdia Marisa, Ezequiel Santos e Sofia Vilar, e a "Aula Aberta" com o compositor José Alberto Gomes e o percussionista João Tiago Dias.
Na música, João Pais Filipe lança o seu disco homónimo a solo, no qual explora pluralidades rítmicas. Haverá também o concerto-instalação "Auto-retrato" de João Tiago Dias/José Aberto Gomes.