Vilar de Mouros quer afastar-se do rótulo de festival da saudade, mas, depois de apostas fora da caixa, a última noite foi um caso sério de febre dos clássicos.
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Aconteceu com Vapors of Morphine, que só provocaram reação com temas da banda antecessora, Morphine, e com David Fonseca e as suas clássicas canções de pop nacional. The Waterboys, de regresso ao festival, tiveram de aguardar pelos temas orelhudos para pôr o público, que se estendeu para uma plateia composta, a saltar. Depois, ainda viriam The Libertines e The Darkness.
Pela segunda vez nesta edição, António Variações foi chamado à Terra, do alto do Olimpo onde se eternizou, para ser homenageado. Se, na quinta-feira, R.A.M.P. usaram do trunfo “Anjinho da guarda”, uma versão de metal , na noite passada foi a vez de David Fonseca. Numa das várias “covers” do seu espetáculo, usou “O corpo é que paga”, uma das faixas que mais entusiasmo suscitou - e logo ao primeiro acorde.
As versões foram, aliás, os pontos altos do concerto. “Video killed the radio star”, canção de 1980 dos The Buggles, contou o maior número de braços no ar e corpos em movimento. Dando o que dele se esperava, Fonseca, que celebra agora 25 anos de carreira, cativou para junto de si o público que, no arranque do último dia, se manteve disperso e alheado com os Vapors of Morphine.
Entranhar Antwoord
Na sexta à noite, Crystal Fighters foram os primeiros a conseguir chamar a meia casa para junto da boca do palco. Mas nem toda a energia entregue foi suficiente para, no final, o grupo anglo-hispânico ficar fora da sombra de Die Antwoord - esta dupla sul-africana agarrou Vilar de Mouros pelos colarinhos e beijou-o sem mais não.
Para lá da linha da frente dos assumidos discípulos desta paixão (pelo menos a julgar pelo conhecimento rigoroso das letras), poucos deviam ser os que já os conheciam. E muito menos os que terão saído dali com má impressão - porque, primeiro, Die Antwoord estranha-se, mas depois entranha-se.
“Um desfecho feliz”
No balanço final, o organizador Paulo Ventura falou de um ano “muito difícil, mas com desfecho feliz”. Os contratempos de um cartaz “duro de construir” não abalaram a equipa. “Todos os envolvidos, desde a produção aos parceiros, como a Câmara Municipal e a Junta, trabalharam com alegria e união, mais ainda do que noutros anos”.
O autarca Rui Lages referiu o “orgulho no projeto a ser implementado”, sublinhando a parceria “imprescindível” com a Junta de Vilar de Mouros, proprietária do recinto e responsável por parte da logística. “Vilar de Mouros continua a levar o nome de Caminha além fronteiras”, concluiu Rui Lages.