Conhecido pelos seus episódios mirabolantes, o antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi parece continuar a fazer piadas no "post mortem". A última é que a sua coleção de arte "imprestável", segundo um crítico de arte italiano, vai ter custos muito elevados para os seus herdeiros.
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A vasta coleção de artes de Silvio Berlusconi, falecido em junho, foi ridicularizada por um dos principais críticos de arte italiano. Segundo Vittorio Sgarbi, as 25 mil pinturas são, em grande parte, obras de baixa qualidade e de pouco ou nenhum valor comercial. Ao que relatam os familiares, a maioria destas terão sido compradas em programas de televendas.
Estima-se que a coleção inteira tenha um valor aproximado de 20 milhões de euros, uma média de 800 euros por pintura, mas o problema é que só a preservação destas, que foram atingidas por pragas, possa ser superior ao valor comercial das obras.
Cesare Lampronti, um negociante de artes radicado em Londres que manteve uma relação estreita com Berlusconi durante três décadas, disse à BBC que o antigo governante era um comprador compulsivo. “Ele gostava de comprar retratos de mulheres que dava de presente aos seus amigos. Quando era mais novo, comprava em galerias e em revendedores, mas mais tarde passou a comprar em leilões de TV”, disse o negociante, em declarações à BBC.
Nem todas as obras são iguais. A sua casa tinha obras do pintor renascentista Ticiano e do holandês Rembrandt. Mas a grande maioria não tem valor e o próprio sabia que "o que estava a comprar não valia nada". Só o armazém onde está guardada a coleção custa 800 mil euros por ano, revelou o jornal "La Repubblica".
Mas parte da coleção já foi consumida por térmitas e o custo para exterminar as pragas supera o valor das pinturas. A sugestão de Vittorio Sgarbi é que se faça um museu com todas as obras de Berlusconi para “pessoas que sabem pouco sobre arte”. Das 25 mil obras, apenas seis o sete têm algum valor artístico, acrescentou o crítico.