Festival está de volta a Lisboa até sábado. Esta quinta-feira, Monobloc, Filipe Catto e Ana Lua Caiano atraíram os primeiros espectadores. Grupo sueco Fever Ray cancelou concerto por doença da vocalista.
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O primeiro dia de 3.º Meo Kalorama começou com uma baixa de peso: à última hora, a organização anunciou que Fever Ray, projeto sueco de música eletrónica liderado por Karin Dreijer, dos The Knife, teve de cancelar, já que a artista foi internada com uma pneumonia bacteriana.
Loyle Carner, novo bastião do hip-hop do Reino Unido e que fechava esta quinta-feira o Palco Lisboa, passou para o palco de Fever Ray: San Miguel, às 22 horas.
A decisão motivou algumas críticas do público nas redes sociais, já que, com esta solução, Carner atua à mesma hora de Jalen Ngonda, fenómeno da soul norte-americana – embora Fever Ray fosse também simultâneo a Ngonda, mas possivelmente com sonoridades a puxar públicos mais díspares.
Percalços à parte, arrancaram os três dias de música, que se espera mais diversa do que nunca, no Parque da Bela Vista, em Lisboa. Com portas abertas desde as 16 horas desta quinta-feira e artistas em palco (nos vários palcos) desde as 17 horas, foram os nova-iorquinos Monobloc e a portuguesa Ana Lua Caiano os primeiros a atrair mais público.
O monobloco imberbe
Primeiro, os Monobloc trouxeram rock underground e pós-punk, a clássica banda urbana em impulso de início – sem sabermos, ou conseguirmos ainda bem descortinar, se ele os levará longe ou perto.
Com um vocalista, Timothy Waldron, enérgico e imberbe, manga cava e look à anos 70, uma fascinante guitarrista, Nina Lüders, e ainda alguns temas cativantes, ficou a sensação de que a banda ainda tem muita estrada por rodar. Ficou no ar uma promessa: a de voltar a Portugal.
É fixe ou não é fixe?
Ao espaço principal chegou, pelas 18.15 horas, fresca, bonita e delicada, Ana Lua Caiano. A viver um 2024 pleno, com o reconhecimento crescente do público e a presença em vários festivais, a cantautora trouxe na bagagem a sua fusão de música tradicional com eletrónica, onde conta com os dois EP e o álbum de longa duração, “Vou ficar neste quadrado”.
Em palco, perante um ainda não imenso público, todo ele concentrado numa parte da plateia agora coberta por um tapete de relva (provavelmente tentando minimizar o pó), Ana Lua apresentou-se igual a si mesma: ar de gaiata, as características tranças e a sua "loop station" com o adufe ao lado; aparentemente tão menina e a falar de trabalho e de amor, aparentemente tão pequena num palco gigante, e tão gigante como o palco.
A dado ponto mostra temas novos, apresenta a sua “banda”, a "loop station", e explica como funciona, gravando partes vocais e musicais em cima umas das outras, com uma concentração e ao mesmo tempo leveza desconcertantes, puxando cada vez mais público até junto de si.
“É fixe ou não é fixe?”, perguntava, no público, um rapaz à rapariga que o acompanhava. “É muito fixe”, responde ela. Então não é?
Gossip e tanto mais
Já tocaram entretanto no 3.º Kalorama os Gossip, banda de Beth Ditto regressada em 2024 à estrada, mais de 10 anos depois de uma paragem, e com novo álbum, “Real power”, para mostrar.
Há também Sam Smith, Jalen Ngonda e, claro, Massive Attack, para ver ainda, neste primeiro dia de festival.
Na sexta-feira e sábado, o menu musical inclui nomes como LCD Soundsystem, The Kills, dEUS e Raye, entre muitos outros.