Estreia esta quinta-feira, no espaço fAUNA, em Joane, Famalicão o “espetáculo-refeição“ “Comer a Terra”. Com encenação e dramaturgia de Bruno Martins, a peça põe à mesma mesa atores e espectadores para uma reflexão sobre as alterações climáticas e a emigração.
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“Comer a Terra” acontece num “dispositivo de restaurante” onde é preciso “fazer reserva” e ter a sorte de “conseguir um lugar”. “É uma metáfora para trabalhar sobre o espaço exclusivo que passa as fronteiras do nosso país e do continente europeu e a relação com os emigrantes”, diz o encenador.
É um lugar onde se “vai devorando o planeta”, caracteriza Bruno Martins. “Não é só o ato de comer mas também um exercício do que fomos devorando ao longo dos anos e das consequências que coincidem com a crise climática”, explica. "A crise climática" aponta Bruno Martins, “é o resultado de um grande buffet”.
Alterações climáticas e emigração são assuntos “aparentemente distintos”, mas que estão relacionados, diz o encenador. Os fluxos migratórios devem-se, muitas vezes, às consequências que as alterações climáticas provocam nos países de origem dos migrantes. Estes são "refugiados climáticos” ainda que não se autodenominem assim.
Durante o espetáculo, a refeição vai sendo servida e os pratos vão sendo preparados em cena pelos atores, numa criação gastronómica desenvolvida pela chef Tânia Durão. E é a partir deles que os espetadores vão refletir sobre as relações de poder, o trabalho precário, um sistema alimentar que privilegia o lucro, os territórios devastados e um planeta à beira do colapso.
O espetáculo está em cena no espaço fAUNA até 15 de março, com sessões de quinta a sábado, às 20 horas. A 21 de março estará em cena no Teatro Gil Vicente, em Barcelos, a 5 de abril no Teatro Stephens, na Marinha Grande, no dia 11 abril no Ponto C, em Penafiel. A 9 maio sobe ao palco do Teatro Municipal de Ourém, e nos dias 5 e 7 junho é a vez do Teatro das Figuras, em Faro.