Canções de despedida, uma pioneira do cinema e uma documentarista da doença, um artista do picotado e, porque não, um revivalista do big beat. Ideias grandes, arte grande.
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Não se escreve a história do folk sem Peggy Seeger, americana de nascimento, britânica de vivência há muitas décadas. Aos 85 anos, prepara-se para lançar o álbum "Last farewell". Sabe, por todas as razões, a despedida. "All in the mind" faz parte desse registo, e é aqui interpretado por Seeger e pelo filho, Callum MacColl.
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A francesa Alice Guy-Blaché (1873-1968) estava no sítio certo e na hora ideal. Era funcionária na empresa de Leon Gaumont quando, em 1895, os irmãos Lumière deram vida ao cinematógrafo. Fascinada com a tecnologia e com acesso privilegiado à maquinaria, Guy-Blaché mostrou obra logo no ano seguinte. Seguiram-se anos de experiências pioneiras com inúmeras técnicas, entre elas a colorização manual de película e a sincronização de som e imagem. Ao longo de um quarto de século, entre França e Estados Unidos, Alice Guy-Blaché trabalhou em, pelo menos, 700 filmes. A Cinemateca Júnior disponibiliza gratuitamente mais de 20 obras suas, de "Le Avenue de l"Ópera" (1900) a "A house divided" (1913). A que junta o documentário "The lost garden: The life and cinema of Alice Guy-Blaché", de Marquise Lepage. São tesouros irrecusáveis, mágicos. "La femme collante" é de 1906.
Ainda no universo das imagens em movimento, um século e tal mais tarde: "In the same breath" é um documentário realizado por Nanfu Wang, que há uma década trocou a China pelos Estados Unidos. Wang e respetiva equipa fizeram-se à estrada no início de 2020 para registar a eclosão da pandemia em Wuhan, a que se juntou a observação de como os EUA lidaram inicialmente com a situação. O puzzle resultante, lê-se em "The New Yorker", não é encorajador.
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Imagens em movimento de tempos remotos, como as de Alice Guy-Blaché, convocam forçosamente uma ideia de fantasmagoria. A arte de Paul Anthony Smith também, mas por caminhos bem distintos. Smith nasceu na Jamaica e reside em Brooklyn, Nova Iorque, e recorre a uma técnica de picotado que transforma a presença humana nas suas imagens em espectros. "Tradewinds" é uma exposição focada nas suas raízes caribenhas.
O big beat, género musical eletrónico dançável que transformou as raves em assunto sério (e profissional) no final do século passado, ainda vive. Pelo menos em composições de Itsu Uno, um dos nomes artísticos do londrino Jerome Hill, que já metia as mãos na massa sonora quando o movimento original surgiu. É como ter uma máquina de flippers na cabeça, mas em bom.