A Casa da Arquitectura em Matosinhos inaugura no sábado a exposição "Radar Veneza", com curadoria de Joaquim Moreno e Alexandra Areia.
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As participações portuguesas na Bienal de Veneza desde a democracia são o mote para uma reflexão sobre como a nossa arquitetura tem sido representada nesta montra internacional. "É um olhar bastante interessante sobre como Portugal se mostrou na área do conhecimento que mais nos tem representado no estrangeiro", diz o diretor executivo da Casa da Arquitectura, Nuno Sampaio.
A investigação dos curadores incidiu em três frentes: cronologia, história oral e desenhos de memória. Na exposição foi criado o "Bairro Veneza", com 24 desenhos levantados em estruturas metálicas, maquetes em papel e 120 imagens ilustrativas, e foram gravadas 32 entrevistas a arquitetos que participaram nas bienais de Veneza, como Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, Ana Neiva, Cláudia Neiva, João Onofre, Rui Furtado e Susana Ventura, entre outros. Como explicou Joaquim Moreno, estão concentradas "60 horas de entrevistas" que o visitante poderá consultar.
A primeira representação que existiu foi num pavilhão da Finlândia desenhado por Alvar Aalto que, alinhando politicamente com a nossa democracia, escreveu "Portugal" na entrada do seu pavilhão e albergou uma obra de Alberto Carneiro. Aqui pode também conhecer-se a história de como a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto se fez representar num encontro com 43 escolas de todo o Mundo, a convite de Vitorio Gregotti, arquiteto do Centro Cultural de Belém.
A cronologia colaborativa ilustrada e anotada, disposta na galeria, permite ver quem foram os curadores e quais os percursos destes protagonistas. Joaquim Moreno, o curador em 2008, teve uma intervenção muito interessante, porque decidiu mostrar uma obra com Ângelo de Sousa e Eduardo Souto Moura edificando uma parede de espelho no Grand Canal.
"A exposição tem um olhar crítico sobre o passado, mas também, ao longo dos debates, há uma oportunidade para Portugal pensar como se representa, como se faz representar e como o que temos de melhor se faz notar no mundo", afirma Nuno Sampaio. "A exposição não é uma mera representação do espólio" que a Direção-Geral das Artes depositou na Casa da Arquitectura, acrescenta.
A mostra, que fica patente ao público até 10 de outubro, vai ter um programa paralelo com três debates entre junho e setembro, sob os temas "Representação e diplomacia", "Memória e arquivo" e "Seleção e financiamento". Em junho será lançado o livro sobre a investigação e no segundo semestre deste ano a Casa da Arquitectura irá lançar o edifício digital onde o visitante pode aceder a todo o espólio do Museu e também fazer visitas virtuais às exposições. Neste fim de semana de abertura a visita é gratuita.